SOLIDÁRIO
Era uma flor caída
em desamor total.
E era Primavera…
Mas a flor, efêmera, quimera,
fora arrancada e atirada
ao chão – lugar nenhum…
Era uma flor tombada, violentada
e semimorta,
caída ao rés do chão…
e era Primavera então.
E era uma flor caída,
decaída e tão traída
corrompida e emurchecida,
só por maldade de humanas mãos…
E era uma flor sem pétalas,
sem sépalas,
era uma flor-separação.
E era uma flor-tormento
tombada, massacrada,
e triste ao relento.
Mas alguém a viu pisada,
sangrando, macerada,
e sofreu a agonia e vida e morte
dessa flor…
E na concha da mão,
com tanto carinho,
ergueu-a para a sombra
e lhe deu um ninho
numa folha – leito e coração…
E ali, então, a pobrezinha repousou…
O Tempo era plena Primavera
e quem a amou um Poeta era…
e em silêncio , por dentro,
ele chorou…
Do Livro: “ROSA-DOS-VENTOS…A POESIA QUE O TEMPO TRAZ” – POESIAS
Editora: SCORTECCI EDITORA (Grupo SCORTECCI) – SP –SPPágs: 45-46