“NÃO SE PRESERVA A MEMÓRIA DE UM POVO

SEM O REGISTRO DE SUA HISTÓRIA”

Tão obscuros tempos na Vida e no coração…

Estranha paisagem derruída invade os Sonhos

e ocupa seu espaço em toda  gente então…

Na garganta sedenta e ferida,

palavras não ditas machucam…

E antes os olhos bons e felizes

se turvam em nuvens de estranhos matizes…

(será que a Tristeza e o Medo têm cura?…)

E a tímida Ternura

se evade em labirintos interiores

de insondáveis mistérios (enigmas gregos)

Ah… São tantos os sustos-estigmas

as cicatrizes-espantos, as dores,

os dissabores, os desassossegos…

Na gaiola do peito,

o Amor contrafeito

 se debate e esvoaça

e asas e penas espedaça,

a arrebentar-se por inteiro

nas grades invisíveis do Ser…

E a existencial solidão insiste

persiste e assola o viver…

Mas o Poeta sobrevive…

(que “amar é doar-se e se doer”)

E é preciso ao menos parecer

que não o perturba a dor existencial;

e ele mascara e disfarça o martírio sem igual,

que  lhe toma agora  a Essência do SER…

(Junho de 2020)