Conforme prometido na coluna anterior vou tentar responder a esta incomoda indagação, na medida do possível, de como criar nossos filhos somente com amor e liberdade.
Como dito abominamos os castigos físicos ou mesmo os morais.
Não há um segredo, não há uma receita de bolo. Na verdade ainda não temos uma forma perfeita de desatar esta nó górdio.
Sabemos, isto sim, que os castigos nunca funcionaram e não funcionam, e pior: tornam-se cicatrizes de frustrações, desvios de conduta e até ocasionalmente marginalidade.
Como já disse, também na coluna anterior, um guia impressionante de atual embora escrito na década de 70 é o livrinho de meu professor Cesar Pernetta, no qual eu tenho uma pequena contribuição: “AMOR E LIBERDADE NA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA”. Infelizmente só encontrado atualmente em sebos e no mercado livre. Mas está no prelo de uma grande editora. Quem sabe o “Panorama” ou “O tempo” não se habilitam na reedição?
O Professor Cesar Pernetta foi um visionário, isto é fato incontestável.
Por enquanto ficaria, além da indicação deste livrinho, com o Poeta:
COMO FAZER FELIZ MEU FILHO |
Como fazer feliz meu filho? Não há receitas para tal. Todo o saber, todo o meu brilho de vaidoso intelectual vacila ante a interrogação gravada em mim, impressa no ar. Bola, bombons, patinação talvez bastem para encantar? Imprevistas, fartas mesadas, louvores, prêmios, complacências, milhões de coisas desejadas, concedidas sem reticências? Liberdade alheia a limites, perdão de erros, sem julgamento, e dizer-lhe que estamos quites, conforme a lei do esquecimento? Submeter-se à sua vontade sem ponderar, sem discutir? Dar-lhe tudo aquilo que há de entontecer um grão-vizir? E se depois de tanto mimo que o atraia, ele se sente pobre, sem paz e sem arrimo, alma vazia, amargamente? Não é feliz. Mas que fazer para consolo desta criança? Como em seu íntimo acender uma fagulha de confiança? Eis que acode meu coração e oferece, como uma flor, a doçura desta lição: dar a meu filho meu amor. Pois o amor resgata a pobreza, vence o tédio, ilumina o dia e instaura em nossa natureza a imperecível alegria. CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE |
Excelente reflexão! Parabéns!!