Algum dia, verdades explosivas que estão submersas virão à tona e o país saberá que quem evitou o golpe de 8 de janeiro foram as mulheres (esposas, amantes, concubinas, namoradas) dos nossos generais. Um destaque especial para a senhora Adriane, mulher do general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, chefe do Comando Militar do Planalto (CMP).
No sábado, 7 de janeiro, quando o general chegou em casa, Adriane, irritada, já tinha a pergunta na ponta da língua:
Gustavo! Vou repetir pela quinta vez! Quando é que você vai remover aqueles marginais da porta do quartel?
Não são marginais, querida. São pessoas sérias…democratas, que querem o bem do país…
E o que eles estão fazendo ali, desde novembro? Na frente do seu quartel, ahn? – e ironizou – Esperando o Messias?
Nunca perguntei Adriane, mas eles são muito tranquilos. Esses acampamentos de verão são muito comuns nos Estados Unidos…
Como você é ingênuo, Gustavo! Os caras estão armando um golpe de Estado para trazer aquele fascista de volta!
Ficou maluca, criatura? Quem lhe disse isso?
A Alzira, mulher do general Figueroa, a Patricia, mulher do general Albano…elas estão convencendo seus maridos a desistirem dessa aventura.
Não acredito. Isso é o que chamamos de fofoca de caserna…
É? É? Pois a Alzira já ameaçou até se separar se o Figueroa subir num tanque…
Gustavo pediu tolerância e compreensão à mulher:
Os caras no acampamento não fazem mal a ninguém, Adriane. Até o ministro da Defesa do Lula sabe disso. Ele já disse que é tudo gente boa, parece até que ele tem um primo lá…
A mulher estava uma arara:
Gustavo, ouça bem o que vou lhe dizer: você vai lá no quartel agora e manda remover aquele acampamento – e enfatizou – antes que seja tarde!
Que você quer dizer com isso?
Você não está vendo a quantidade de ônibus chegando a Brasília? Estão passando nas tuas barbas…
E daí querida? Você sabe que é época de férias. Muita gente vem visitar Brasília…
Quando é que você vai crescer, hein Gustavo? É tudo gente do Bolsonaro que está vindo para participar do golpe…
Não fala assim do presidente, Adriane. Você sabe o quanto ele fez por nós, militares…
Na esperança – rebateu a mulher – de que na hora H vocês retribuam com um golpe. Amanhã é o dia! Esses terroristas vão avançar pela praça dos Três Poderes, invadirem os prédios, quebrar tudo e aguardar pela chegada das tropas do Comando Militar do Planalto para consumar o golpe e assumir o poder…
Então foi para isso que o general Heleno mandou aquele recado: para estar com meu pessoal ás 17 horas na entrada do Palacio do Planalto!
Mas pode tirar seu cavalinho da chuva que você não vai a lugar nenhum. Amanhã é aniversário da mamãe.
Dia seguinte, domingo, foi o que se viu: o golpe deu xabú e não se ouviu uma única declaração de qualquer general. Se a mídia não quer ouvi-los , que ao menos entrevistem suas mulheres.
FIM
Carlos Eduardo Novaes , Acadêmico Correspondente da Academia Caxambuense de Letras