“NÃO SE PRESERVA A MEMÓRIA DE UM POVO

SEM O REGISTRO DE SUA HISTÓRIA”

Lá no meio de março, acho que no dia 13 de março, na coluna das 10 boas (ou ótimas) notícias, falei sobre o Remdesivir.  E se confirmou mesmo. Este sim é um medicamento que funciona contra o danado. Parece ser mesmo a droga que vai nos dar um alivio.

No Fantástico, o Show da Vida, foi apresentado ao Remdesivir no dia 3 de maio. Meio atrasadinho, não? 

Para o pessoal que trata do melhor cavalo do mundo, que tem o berço aqui na região, eu diria que este medicamento tem dupla aptidão. Assim como os cavalos podem ser de sela e de carroça. Como a galinha carijó serve para ovos e para carne.  O tal do Remdesivir serve para diminuir a mortalidade e diminuir o tempo dentro da UTI. Então vale mais, tem enorme valor, ao contrário do pangaré. E é fato comprovado. Todo mundo agora já sabe: foi randomizado, duplo cego, com nº de 2000 pacientes, controladinho.  Estudo bem feito, elegante, sem pressa. E diminui bem mesmo. Em torno de 26% a mortalidade. Sem dúvida que funciona. Ao contrário do HCQ, que parece não funcionar bulhufas.  E se o Fantástico falou é porque é verdade kkk.

Insistiriam os criadores que não é bem assim, pois os cavalos marchadores é que valem. Este negócio de carroça não é da raça, seria heresia, carroça é para pangaré. Eu diria: depende da hora. No sufoco, precisando levar o trato no coxo e o trator bate o pino, em pleno domingo… ter uma boa égua de carroça salva a pátria, salva e o leitinho da tarde. Falo por experiência própria.

E diminuir o tempo de UTI, abrindo vaga para outro necessitado, pode ser a diferença. E 26% são 2 ou 3 em cada 10 que iriam embarcar. É muito. 

Mas a pergunta que não quer calar: quando estaremos livres deste cafajeste? Ai é que está uma pergunta difícil de responder. Tem um monte de blogueiro, grafistas, epidemiologistas, fofoqueiro e palpiteiros, cada um com uma resposta pronta e não coincidente.

Assim é porque não tem esta previsão mesmo, ninguém sabe ao certo.

Mas como todo mundo tem sua opinião pronta, eu também posso ter e teclo sem medo: quando? Quando tivermos uma vacina. Mas quando teremos uma vacina?  

Tenho por mim, ser a vacina mesmo a nossa tábua de salvação. Já disse anteriormente em uma destas coluninhas (a minha chefe, a Karla Velásquez, fica brava pelo diminutivo, mas é justo no caso, mesmo publicada em jornalões como em O Tempo e no Panorama). Disse que o pessoal na base do desespero fica querendo queimar etapas e soltar a vacina ontem. Não dá certo, não é assim.  Ou ao menos nunca foi assim. Soltar a vacina com defeito e com efeito inesperado, lascou para milhões de pessoas. A emenda fica pior que o soneto.

O normal em imunobiológicos (outro nome de vacina) é demorar a vida inteira sem conseguir (como no caso do HIV) ou ao mínimo uns 5 anos (como foi no caso do Ebola, um recorde absoluto).

Mas hoje fiquei mais otimista. Tecnologia é movida a dinheiro também. E jamais, nunca em tempo algum, nenhum pesquisador viu tanto dinheiro assim. A comunidade internacional despejou hoje, exatamente, hoje, dia 4 de maio de 2020, a impressionante quantia de 45 bilhões de reais ou 7.5 bilhões de euros no negócio. Tenho a impressão que é um valor nunca antes neste planeta investido em um medicamento. Para se ter uma ideia, o poderosíssimo EUA tinha em torno de míseros 600 milhões de dólares na produção, ainda assim com participação da indústria privada (Sanofi).

Li, nem sei onde, que os EUA não leva mais o homem à lua porque fica em mais de 10 bilhões de dólares, quinta parte da grana investida hoje para produzir a vacina contra o covid-19. Então, quero dizer, é dinheiro pra chuchu. 

Aí talvez, possa acontecer mesmo, de termos uma vacina eficaz e segura antes do fim do ano.

Então, agora aprendemos, aí poderemos voltar a nos preocupar com coisas importantes da vida: o passeio no parquinho com os filhos, a missa de domingo, o culto, o churrasco no pé das nossas lindíssimas cachoeiras, os jovens no pub do Momô, no torneio de marcha picada ou batida, nos domingos com as partidas do meu Galo e também nas do Cruzeiro (este na segunda divisão hehehe).

Aí sim.

Dr. Edson Lopes Libanio é o atual Presidente da Regional Sul da Sociedade Mineira de Pediatria (pela 5º vez). É diretor Médico da Clínica Baependi. Foi diretor algumas vezes da Sociedade Mineira de Pediatria e da Sociedade Brasileira de Pediatria. Foi Auditor Médico do Ministério da Saúde por 30 anos. Foi Pediatra da SES MG. Tem inúmeros outros cargos classistas em sua história de vida, desde Diretor Clínico do HCMR algumas vezes até da diretoria da AMMG. Mas gosta de ser apresentado mesmo como um Pediatra do interior.