“NÃO SE PRESERVA A MEMÓRIA DE UM POVO

SEM O REGISTRO DE SUA HISTÓRIA”

O medo administrativo nos órgãos públicos é uma realidade preocupante que afeta não apenas a eficiência e a transparência dessas instituições, mas também a democracia e o desenvolvimento social de um país. Esse fenômeno ocorre quando os funcionários públicos têm receio de expressar suas opiniões, questionar práticas inadequadas ou enfrentar líderes autoritários.

O medo administrativo é resultado de uma cultura organizacional tóxica, caracterizada por um ambiente de trabalho opressivo, onde há punição ou retaliação aos que se manifestam contrariamente às decisões superiores. Isso cria um clima desfavorável para a inovação, a colaboração e o bom desempenho dos servidores públicos.

Uma das principais causas desse medo é a falta de autonomia e de recursos para desempenhar as funções com eficiência e eficácia. Muitas vezes, os funcionários públicos têm suas competências subutilizadas, sendo obrigados a seguir procedimentos burocráticos desgastantes e ineficientes. Além disso, a política de cargos e salários ineficiente e a falta de reconhecimento por bons desempenhos contribuem para a desmotivação e o medo de represálias.

Outra causa importante é a fragilidade dos mecanismos de controle nos órgãos públicos. A falta de transparência, a impunidade e a ausência de canais seguros de denúncia de irregularidades encorajam práticas corruptas e antiéticas. Os funcionários públicos que ousam enfrentar esses desafios enfrentam um ambiente hostil e uma estrutura de poder incômoda.

O medo administrativo nos órgãos públicos compromete a qualidade dos serviços prestados à população. Quando os funcionários públicos não conseguem exercer suas funções com liberdade e segurança, a meritocracia é substituída pelo jogo de interesses pessoais e políticos. Essa situação resulta em promoções injustas, desperdício de recursos públicos e falta de ética na gestão.

Para combater o medo administrativo, é necessário promover uma mudança cultural profunda nos órgãos públicos. Isso envolve investir em capacitação e treinamento para que os servidores públicos possam desempenhar suas funções com excelência e autonomia. Além disso, é fundamental fortalecer os mecanismos de controle, criando canais efetivos de denúncia e promovendo uma cultura de transparência e integridade.

Os gestores públicos também têm um papel crucial nesse processo. Eles devem ser exemplares em sua conduta ética e estimular o diálogo aberto e o respeito às divergências. É preciso promover uma liderança inspiradora e participativa, onde os funcionários se sintam valorizados e encorajados a contribuir para o bem comum.

O medo administrativo nos órgãos públicos é um problema complexo e multifacetado, que requer um esforço conjunto de todos os atores envolvidos. É de interesse de toda a sociedade que os serviços públicos sejam eficientes, transparentes e voltados para o bem-estar coletivo. Portanto, é fundamental que medidas sejam tomadas para combater o medo administrativo e promover um ambiente organizacional saudável e produtivo.

Dr. Carlos Eduardo Cardoso Carvalho, sócio do escritório Carvalho Filho Sociedade de Advogados. Especialista em Direito Público; Especialista em Advocacia Cível e Pós-graduando em Licitações e Contratos. Atua em Direito Administrativo com ênfase em Assessoria e Consultoria a Prefeituras e Câmaras Municipais Contato WhatsApp: (32) 99193-1063.