“NÃO SE PRESERVA A MEMÓRIA DE UM POVO

SEM O REGISTRO DE SUA HISTÓRIA”

Com a o advento da epidemia estamos assistindo cenas até pouco tempo inimagináveis.

Dezenas ou centenas de médicos e pessoas que nunca trataram moléstias infecto- contagiosas, se tornaram “especialistas” ou “referências” no tratamento da COVID-19 em alguns meses ou semanas, basicamente com conhecimentos adquiridos em grupos de Whatsapp onde são trocadas “experiências pessoais”.

Contrariando todas as recomendações dos especialistas que estão acostumados (e estudaram anos ou décadas) a tratar doenças virais com acometimento pulmonar grave (Infectologistas, Pneumologistas, Intensivistas), aventuram-se a estabelecer protocolos de tratamento precoce para COVID 19 sem nenhum embasamento na literatura científica com os argumentos de que há urgência e que a observação deles basta.

São comuns frases do tipo “Ninguém vai para a UTI se tomar o kit”, “TODOS os pacientes foram curados”. As afirmações são feitas basicamente pela experiência pessoal dos participantes dos “grupos”, onde relatam seus “bons” resultados uns aos outros.

Daí já se nota uma ingenuidade quase infantil: o Covid-19 provoca uma doença onde 80% das pessoas vão evoluir de forma assintomática ou sintomática leve, 95% das pessoas não precisam hospitalização e menos de 1% vem a falecer. Ao se tratar um grupo de pessoas com qualquer coisa que seja as chances são enormes de que o paciente melhore. Não por causa do tratamento. Mas APESAR do tratamento.

Tratei pessoalmente algumas dezenas de crianças com Covid-19, vários filhos de seguidores do Jornal Panorama, sem nem uma complicação. Tratei só com dipirona e Rinossoro e os resultados foram maravilhosos.

E nem por isso vou fazer lives divulgando os “fantásticos efeitos anti-virais da dipirona, hehehe”.

Um tanto quanto óbvia essa constatação, mas os defensores do tratamento precoce esquecem a importância de comparar os seus dados com dados de pacientes não tratados.

Efeito Dunnig Krugger é um experimento classico. Esse experimento social realizado na década de 90 demonstrou que quanto menos um individuo conhece sobre determinado assunto mais ele tem convicção sobre sua sapiência. É o que ocorre atualmente.

Por Dr. Edson Libanio