“NÃO SE PRESERVA A MEMÓRIA DE UM POVO

SEM O REGISTRO DE SUA HISTÓRIA”

São muitos os seus nomes, papéis e versões!
Lilith, a exilada! Eva, a contraparte;
Hipólita, rainha das Amazonas! Maria, a grande Mãe;
Hypatia, da escola de Alexandria!
São inúmeros os arquétipos ligados às mulheres!
Musas, deusas, fadas, ninfas, curandeiras, bruxas, santas!
Mulheres que lutaram por seus direitos, por um lugar, que foram vozes, mesmo quando caladas!
Mulheres que gestaram, deram a luz e mantiveram a vida!
Mulheres corajosas, íntegras, fiéis aos seus ideais, Joanas, Olgas, que não recuaram, mesmo diante
de seus algozes, ou até da própria morte!
Mulheres que inspiraram poetas, pintores, escultores, músicos, toda a arte!
Mulheres Rainhas que por muitas vezes foram a força oculta de seus Reis!
Mulheres consistentes, mantenedoras de um cotidiano ordenado, tecelãs de um destino seguro,
enquanto seus guerreiros iam à luta!

Isabel Alliende mencionou em seu livro “A Casa dos Espíritos” estas mulheres, aquelas das
províncias de Santiago do Chile, que com lenços nas cabeças, todos os dias iam aos tanques lavar
roupas. Portadoras de mãos firmes e vontade forte, com tenacidade e disciplina inquebrantáveis,
estas jamais seriam vencidas por Pinochet, dizia ela!

Sou parte de uma geração de mulheres, que romperam não barreiras, mas muralhas, para abrir
frentes no mercado de trabalho, e na sociedade como um todo. Foi uma luta de anos, muitas vezes
silenciosa, outras aos gritos para fazer valer nossa presença, às vezes até como homens, para sermos
ouvidas e respeitadas! Como um pêndulo, fomos de um extremo ao outro e acredito, ainda
procuramos um ponto de equilíbrio. Aos poucos neste processo de transformação profunda interna e
social, fomos descobrindo que a forma de estarmos no mundo, qualquer que seja o papel, obedece a
um impulso que vem do mais profundo do ser, o próprio aspecto feminino. Aí está a força da
Mulher, a essência do seu existir! Seja em posição de comando, de liderança, desbravadora, já
podemos ser Mulher! Esta foi a maior conquista! Vestir as virtudes do feminino, sua capacidade de
escutar, acolher, contornar, mediar, decidir com delicadeza firme, generosa, nutridora e compassiva!
Atravessamos desertos, abismos, mergulhamos em águas densas, mas vencemos nossos próprios
limites, nos superamos e hoje estamos aqui, neste momento da história, prontas para colaborar com
todos os processos de desenvolvimento social e evolutivos. Com a confiança de quem carrega em
sua espada, um coração, estamos prontas para colocar nossa inteligência, sensibilidade e intuição a
serviço da construção de um mundo mais belo, equânime e justo. Não somos mais as mulheres de
Atenas, nem Penélopes e nem Perséfones!

Somos as NOVAS MULHERES EM CENA!

Texto de Cristina Mallet dedicado a Esther Bittencourt

Maria Cristina Mallet Porto, acadêmica