“NÃO SE PRESERVA A MEMÓRIA DE UM POVO

SEM O REGISTRO DE SUA HISTÓRIA”

João é um jovem de vinte poucos anos que irradia alegria e simpatia. Arrimo de família o jovem cuida de sua mãe e de seus irmãos mais novos. Seu principal defeito é ser namorador que só, fama esta que ele se orgulha por ser viril e muito “pegador”.
O que João não esperava era que todo homem um dia falha na cama da luxúria e do desejo, e com ele não seria diferente.

Tudo aconteceu na noite que ele estava nos braços de Márcia, uma jovem de dezenove anos exalando amor e desejo, com um corpo escultural que atraía olhares por onde passava, porém pouquíssimos tinham a oportunidade de deitar-se na luxúria do amor entre seus braços.

Naquela noite mesmo entre carícias e toques, nada aconteceu, o olhar de Márcia era extremamente decepcionante, ela estava se achando a mulher mais feia do mundo, pois não era capaz de levantar o moral de seu amante. Após aquele momento João procurou ajuda médica para pedir algum estimulante sexual, porém o médico quis primeiro fazer uma bateria de exames para ver o motivo da causa, que no início parecia motivado pelo estresse. Mas o exame acusou uma alteração no sangue, o que levou o médico a pedir um PSA e o exame de toque retal. João esbravejou, gritou, xingou o médico afirmando que nele ninguém encostaria a mão, pois ele se orgulhava de ser intocável.

Mas a ironia do destino levou o jovem ao hospital três meses depois com dores abdominais, e entre um exame e outro, o impensável aconteceu: pelo toque retal se descobriu que João estava com um já adiantado tumor maligno na próstata, cuja única solução foi tirar totalmente sua próstata, e assim foi feito.

Quem diria? Um jovem com tumor maligno na próstata? Sua família descobriu da pior forma que câncer na próstata não tem idade, e que sintomas simples como a falha na relação pode ser o início do fim.

Para a família de João o resultado foi diferente, pois mesmo tardio ele se recuperou.

E a jovem Márcia?

Quatro anos depois Márcia ainda exalava desejo e saúde, e foi num salão de beleza que a história dos amantes do passado se entrelaçaram, pois ao entrar no salão Márcia deparou com uma moça linda, cabelos longos, cintura fina e uma feminilidade que atrai todos os olhares, porém aquela jovem parecia muito familiar para Márcia. Enquanto esperava ser atendida Márcia descobriu que aquela jovem que tanto lhe chamava atenção era Estefani, o nome usado agora por João. O mesmo jovem que um dia Márcia entregou-se em seus braços, que por seu orgulho besta perdeu a fama que mais o agradava.

E você? Qual o tamanho de seu orgulho?

Leandro Campos Alves – Vice-presidente da Academia Caxambuense de Letras
Crônica finalista nacional em quinto lugar no concurso literário Gonzaga de Carvalhos, pela Academia de Letras de Teófilo Otoni em 2017