Nas quebradas da vida
(nas cambaleadas do dia)
Nas caladas da morte
(nos tombos da noite)
Eu espio pela porta
(um mistério existe)
Um vácuo persiste
No ego que ainda resiste
a tantos dedos em riste…
Alguém sorri!
(não sei se de mim …ou pra mim)
de minha filosofia
(eu filosofo, sabia? Bem ou mal, mas filosofo)
Filosofia fria
(como cabeça de fósforo e como a minha, queimadinha!)
Uma filosofia barata
(e chata)
Mais chata do que aquela gente da praça
Olho,
(encaro até)
os fiéis
(que passam)
Pseudos…
(já sem tanta fé)
Cumprimento o beberrão
(como eu)
verdadeiro ”mata borrão”
que debruça no balcão…
Enquanto eu…
(absorvente)
(carente)
no meu canto,
no meu desencanto,
O
L
H
O
Já com olhar trêbado…
O
L
H
O !
O B S E R V O !
Só
Entra um freguês
(pede uma menta com timidez)
Entra outro e blasfema…
(reclama da pimenta, fraca talvez)
Peço outra
(espero minha vez)
Ah, espera cruciante
os minutos superlotam o tempo,
(e meu pensamento)
A praça se entope de gente…
Gente que sai do templo
(tão libertos de pecados, suponho)
Mas,
(avarentos e espertos)
De olho no bolso alheio
ou na mulher
(do próximo)
Eles foram lá
(na Matriz)
Oraram!
(puros como flor de liz)
Honraram o nome de Deus
(mas não deixaram de cobiçar a mulher dos seus…próximos)
Que não estavam
(na Igreja)
Em casa dormiam…
(num ronco só)
Eles passaram a noite…
(psiu! Lá no Forró)
É…
É hora de terminar
para não me complicar…
Chamo o dono do bar
Ei!
Pindura isso aí!
Mas, e a saideira?
Aquela pura, genuína, verdadeira?
Ah! Me é servida…
(cheia de vida)
Me despeço
da manhã domingueira…