“NÃO SE PRESERVA A MEMÓRIA DE UM POVO

SEM O REGISTRO DE SUA HISTÓRIA”

    

É isso aí, bicho! Sou um hippie.

Um hippie a mais na história,

um hippie sujo, vagabundo, imundo,

um desajustado como dizia o velho!

O velho que deixei, que já era!

 É isso aí bicho, sou um hippie,

“transando” por aí sem rumo

perdido em meu próprio mundo,

transformado num farrapo,

um pobre hippie viciado…

Há quem diga que sou filósofo,

que prego a paz  e o amor,

acho graça, bicho! Me divirto,

quando dizem que sou lélé da cuca

que sou um caso perdido,

que mais pareço um maluco!

Mas, podes crer amizade,

este hippie também chora,

este hippie anseia pela oportunidade

de voltar a ser o que era outrora…

Não será você, bicho, o irmão

Que poderá estender-me a mão?

Só quero ouvir de sua boca

as palavras: coragem, força!

Você ainda é um homem.

Perdoe-me bicho, deixei-me vencer,

fui arrastado tão covardemente,

sem ao menos perceber

para o falso mundo dos dementes.

Para um mundo de fantasia e ilusão

onde a erva, a bolinha, a picada,

dia a dia me transformava,

até chegar a ser um ladrão…

Um ladrão barato, bandido, um vencido,

um hippie envergonhado e arrependido

que agora implora por piedade!

Tenho a mente enferma, irmão…

Minhas noites são povoadas de fantasmas

trazidos pelo vício e perdição,

mas quero reagir, afugentá-los

e peço ajuda, irmão!

Se encontrar em seu caminho,

um hippie triste, sem destino,

estenda-lhe sua mão…

Este hippie sou eu…

Leve-me à recuperação!