“NÃO SE PRESERVA A MEMÓRIA DE UM POVO

SEM O REGISTRO DE SUA HISTÓRIA”

Em 1910 já havia a ideia de se comemorar o dia da mulher, para revindicação de salários melhores, direito de votar e condições de trabalho adequadas.

No ano de 1911 com o incêndio na fábrica de roupas femininas em Nova York possibilitou o debate e, o caso tornou-se o mais conhecido pelo mundo, portanto houve grande revolução a qual trouxe simbolismo para a data.

A tradição de reservar uma data para reivindicar a igualdade de direitos da mulher é centenária. O dia 8 de março, celebra-se o Dia Internacional da Mulher, na maioria dos países do mundo. Entretanto, um longo caminho foi percorrido até que essa data surgisse. Nesse caminho, a efeméride – que surgiu com espírito e iniciativa sindicalista – evoluiu, mudou de dia e perdeu a palavra trabalhadora do seu título. No dia 8 de março – data oficializada pela ONU em 1975 – pleiteia-se a igualdade dos direitos.

Era 16h40 de sábado, 25 de março de 1911, quando o fogo tomou conta da Triangle Shirtwaist Company, em Nova York, onde 500 funcionários produziam roupas femininas. Em sua maioria, jovens imigrantes europeias: italianas, irlandesas, judias. O incêndio começou no oitavo andar da fábrica e começou a subir.

As saídas eram por elevadores e escadas externas, que davam para a Greene Street e a Washington Place. Os elevadores fizeram três viagens até suas portas entortarem pelo calor e ficarem inoperáveis. Das escadas, uma estava fechada. Para evitar que que as trabalhadoras cometessem furtos, um segurança mantinha a porta trancada e revistava suas bolsas antes de deixá-las sair pela escada da Washington Place. E o segurança foi dos primeiros a escapar, deixando a porta fechada.

Na outra saída, a da Green Street, ninguém conseguia descer por causa do fogo. Quem fez o contrário, subindo, se salvou — inclusive os donos e seus filhos, que visitavam a fábrica. Mas quando ela se tornou a única opção, terminou congestionada. Ninguém conseguia se mover para qualquer lado. Com o peso, a escada terminou por ceder, levando 30 pessoas ao seu destino final no solo. 

Os bombeiros tentaram realizar resgates com escadas, mas elas não eram longas o suficiente. Às vítimas, restavam 3 opções: pular pela janela, se jogar dentro do fosso do elevador ou perecer no fogo.

Na rua, as pessoas assistiam boquiabertas ao show de horrores. No total, 62 pularam ou caíram ao tentar escapar das chamas. “Naquele dia eu aprendi um novo som, o mais horrível que se poderia imaginar. Era o do baque de um corpo vivo caindo num asfalto”, disse William Gun Shepard, repórter que cobriu a tragédia.

123 mulheres imigrantes – na maioria judias e italianas, que tinham 16 e 23 anos – e 23 homens, faleceram na tragédia.

O laudo concluiu que o descarte de uma bituca de cigarro, ainda acesa, numa lixeira de madeira, foi a provável causa do incêndio. Na lixeira e pelo andar, havia restos de tecidos, acumulados por dois meses. A única coisa não altamente inflamável era a borda de aço da lixeira.

A Triangle Waist Company ocupava o oitavo, nono e décimo andares do edifício Asch, de 10 andares, na área residencial de Greenwich Village, Nova York. Max Blanck e Isaac Harris eram os responsáveis pela companhia. As jovens trabalhavam 9 horas por dia durante a semana e 7 aos sábados. Descansando apenas aos domingos, ganhavam entre 7 e 12 dólares (hoje equivalente US$ 174 e US$ 299) por semana.

Blanck e Harris já tinham uma péssima reputação. Quatro incêndios suspeitos haviam atingido antigas empresas suas. Em 14 de dezembro 911, num julgamento de apenas 3 semanas, os dois foram acusados de homicídio culposo, responsáveis pela tragédia ao manter uma saída trancada.

A defesa usou de um ardil: pediu para uma sobrevivente repetir sua história várias vezes. Como ela usou de frases idênticas, o advogado argumentou que o testemunho havia sido decorado e todos os trabalhadores eram suspeitos. Os donos foram inocentados, com o júri aceitando a tese de que não sabiam da porta trancada. 

Mas não havia terminado. Em 1913, um processo civil terminou em condenação.

As famílias receberam uma indenização de US$ 75 dólares (hoje equivalente a US$ 1,854.44) por vítima. Já a companhia de seguros pagou a Blanck e Harris US$ 60 mil dólares (hoje equivalente a US$ $1,483,551) cerca de US$ 400 dólares por acidente.

O incêndio da Triangle Waist não é a origem do Dia Internacional da Mulher, que surgiu antes e terminou fixado em outra data. Mas sua história é praticamente idêntica à dosuposto incêndio de 8 de março de 1857, sobre o qual não há qualquer prova. 

Fontes: Aventuras na História e El País

Fotos: Domínio Público