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Lembro claramente,
daquele fogão de lenha,
vermelho reluzente,
com chapa negra e bem quente.

Sua fumaça saia calmamente,
pela sua chaminé,
que ficava a sua frente.
Construído sobre o chão liso,
verde era a cor daquele piso.

Em pé ao seu lado,
vejo até hoje a figura,
da mulher de meia altura,
que cozia os alimentos,
com a maestria de sua idade,
expressando toda sua felicidade.

Aquela senhora de singela expressão,
trazia paz ao meu pequeno coração.
Sempre escutava sua voz alegremente,
cantando músicas religiosas,
em suplica de oração,
com cantigas preciosas,
que me enchia de emoção.

 

Ah fogão de lenha!
Que saudade que tu trazes,
daquele tempo que passou,
e ao longe me deixou.

Lembro das panelas em sua chapa,
e do cheiro gostoso,
do preparo daquele almoço.

Ah fogão de lenha!
Tão presente em minha memória.
Saudoso foi aquele tempo,
que foi parte da minha história.

Ah fogão de lenha!
Que trazes em seu rastro,
o amor mais puro e castro,
daquela meiga senhora,
que contemplo nesta oratória.

Ah fogão de lenha!
Que muito foi manejado,
por minha avó,
que a ela hoje tenho saudado.

Até hoje guardo o seu amor,
na lembrança daquele passado,
que se faz tão presente,
na memória de minha gente,
que a tanto tem amado.

 

Ah fogão de lenha!
Poucos lembram de ti,
solitário naquele canto,
mas deixo nestas linhas,
nos versos que vou toando,
um pouco de minha memória,
para contar a nossa história,
saudando aquele passado,
que se fazia presente,
na figura tão amada,
de uma pessoa idolatrada,
que sempre foi muito admirada.

Deixo a ela meu abraço,
mostrando meu forte laço,
ao amor que transpõe barreiras,
e supera todas as fronteiras,
de dois mundos paralelos,
ligados por um único elo,
que é a saudade de seu neto.

Ah fogão de lenha! …
Que trazes o meu lamento,
escrito neste momento,
por este passado que és tão forte,
em meu saudoso pensamento.

Ah fogão de lenha! …
Hoje choro de saudade,
por aquele tempo,
que morava em Liberdade,
e muito me lembro,
do amor daquela senhora,
que me faz muita falta agora.

Ah fogão de lenha! …
Me conforta a lembrança,
daquela época de criança,
que acolhia minha dor,
nos braços de minha avó,
que me enchia de amor.

Ah fogão de Lenha! …

Assina Leandro Campos Alves Presidente da Academia Caxambuense de Letras.