sábado, 19 de outubro de 2024
“NÃO SE PRESERVA A MEMÓRIA DE UM POVO
SEM O REGISTRO DE SUA HISTÓRIA.”

destaque como símbolo de conservação no litoral nordestino do Brasil. Recentemente, o Instituto Tamanduá identificou mais de 30 exemplares da espécie no Delta do Parnaíba, uma região vital que está se tornando um modelo para esforços de preservação ambiental.

Desde a criação de uma base de pesquisa na região há quatro anos, que inclui um laboratório de campo completo, os esforços para proteger o tamanduaí têm se intensificado. O trabalho envolveu estratégias como reflorestamento, conservação de áreas e o incentivo ao turismo de base comunitária.

Marion Silva, bióloga e gerente de Ciência e Conservação da Fundação Grupo Boticário, enfatiza a importância desses esforços: “Esse esforço para a conservação do tamanduaí é emblemático. Demonstra a importância de ampliarmos os esforços para a promoção do conhecimento científico para a proteção da biodiversidade e, também, a necessidade de ampliação das unidades de conservação para que espécies como essa tenham áreas seguras e extensas destinadas ao seu desenvolvimento”

O tamanduaí é um pequeno mamífero que mede cerca de 30 centímetros e pesa até 400 gramas. De hábitos noturnos e solitários, ele passa a maior parte do tempo no alto das árvores. Apesar de sua pequena estatura, o tamanduaí é uma espécie de grande importância ecológica. Classificado pela International Union for Conservation of Nature (IUCN) como “dados deficientes”, ainda há muitas lacunas no conhecimento sobre a espécie. As pesquisas iniciadas em 2008 têm revelado informações cruciais sobre a distribuição do tamanduaí nas Américas Central e do Sul.

Flávia Miranda, médica veterinária e coordenadora do Instituto Tamanduá, explica: “Acreditava-se, até recentemente, que esses pequenos tamanduás só ocorriam na floresta amazônica. Estudos genéticos indicam que os indivíduos do Delta do Parnaíba estão separados há 2 milhões de anos daqueles que vivem na Amazônia. Desde então, evoluem separados pela formação do delta e da Caatinga.”

O Delta do Parnaíba, com suas mais de 80 ilhas e quase 3 mil quilômetros quadrados de área, é um ecossistema crucial. Os manguezais da região servem como berçário para a vida marinha e habitat para diversas espécies, incluindo o peixe-boi e o guará. No entanto, a região enfrenta ameaças significativas, como turismo predatório, presença de animais domésticos e interesses de usinas eólicas.

Miranda destaca os principais desafios: “Como toda região de conexão marinha, os manguezais enfrentam os desafios globais do oceano, como o aquecimento das águas, a acidificação e o excesso de plástico.”

A equipe de pesquisa tem trabalhado para mitigar esses problemas, colaborando com a população local. “Conseguimos cercar algumas áreas de manguezal para evitar a entrada de animais domésticos e restauramos quase 2 hectares com vegetação nativa. Além disso, estamos desenvolvendo alternativas econômicas sustentáveis para a população local, como o turismo de base comunitária”, afirma Miranda.

Uma novidade importante é a coleta de sêmen do tamanduaí, que possibilita a realização de pesquisas reprodutivas monitoradas. “Agora, temos a possibilidade de promover a reintrodução dos animais no habitat natural, se necessário”, destaca Miranda. Além disso, foi iniciado o processo para a criação da unidade de conservação da Resex Casa Velha do Saquinho, que se juntará à Resex Marinha do Delta do Parnaíba, ampliando as áreas protegidas.

Fonte e foto: Agência Brasil

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