sexta-feira, 18 de outubro de 2024
“NÃO SE PRESERVA A MEMÓRIA DE UM POVO
SEM O REGISTRO DE SUA HISTÓRIA.”

Entre o que se fala, o que se lê, o que se toca e o que simplesmente se contempla, há um vago. É nesse espaço que brotam sensações e reflexões. Essa á a experiência proporcionada pela exposição “Entre verbos e vazios”, das artistas visuais Isadora Mayrinck e Sofia Assis, nova atração da Galeria de Arte do Forum da Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A mostra fica em cartaz do dia 15 de outubro até 1º de novembro.
A temática principal dos trabalhos é o diálogo entre o texto escrito e as artes visuais. Como subtemas são tratados assuntos como gênero, memória, desejo, autorreflexão e morte. Com mais de 20 obras inéditas, a mostra é dividida em duas seções: a primeira contém trabalhos em pintura à óleo, gravura, serigrafia, colagens e outras técnicas mistas; e a segunda, abrange os zines, um tipo de publicação de pequena circulação, com textos e imagens que possibilitam uma melhor interação entre o público e os trabalhos.
De acordo com a artista Sofia Assis, a intenção é promover uma experiência interdisciplinar e imersiva. “A iniciativa busca, não apenas oferecer ao público uma contemplação estética enriquecedora, mas também promover um diálogo entre linguagens distintas, possibilitando análises internas sobre os aspectos sensoriais e emocionais inerentes, tanto à palavra escrita, quanto à imagem pictórica”, explica.
Espectador pode criar sua própria narrativa
Em uma visita pela mostra, é possível observar obras em que textos de Clarisse Lispector, fotografias diversas, escritas autorais de Isadora e Sofia e elementos figurativos se fundem. Os trabalhos funcionam como convites para que os espectadores criem suas próprias narrativas pessoais, de acordo com suas vivências pregressas.
Na tela “A beleza do desconhecido”, por exemplo, é abordado o tema da incompletude e da constante construção da individualidade. As pinceladas de tinta à óleo dão forma a uma figura humana e, ao mesmo tempo, demarcam partes vazias que são sobrepostas a um trecho do texto “Se eu fosse eu”, de Clarice Lispector.
Já no quadro “Padrões Comportamentais”, figuras distorcidas se repetem, com elementos que as diferenciam umas das outras. O mesmo corpo, representado em tinta a óleo sobre papel, adquire novos sentidos e significados a depender da desconfiguração que o envolve. Na tela também estão presentes os escritos “até me achar”, “onde é que eu surjo”, “onde vai me reconhecer” e “padrões comportamentais”, que exprimem, em conjunto com as figuras, a dúvida sobre quando é que surge o “eu” enquanto uma classificação, enquanto um indivíduo, e em especial, enquanto homem ou mulher.
Por meio dos zines, as artistas fazem uma experimentação com os vocábulos. Os termos reunidos formam textos inéditos que, de encontro com imagens variadas, geram resultados poético-visuais.
Para Isadora Mayrinck, “cada uma das obras reforça a fuga do realismo tradicional que visa apenas capturar o existente, promovendo questionamentos em torno do que é considerado ‘realidade’, através de figuras disformes e textos que induzem à reflexão”. Ela acrescenta ainda que “a intenção do projeto é trazer novas perspectivas para assuntos presentes no cotidiano da vida moderna, estimulando o público a pensar não somente sobre as obras em si, mas também sobre a própria natureza da arte e da comunicação humana”.
Sofia Assis e Isadora Mayrinck foram selecionadas pelo Edital de Ocupação da Galeria de Arte do Forum da Cultura 2024, cujo resultado foi divulgado no dia 15 de março. “Entre verbos e vazios” pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h. A entrada é gratuita.

Fonte: UFJF
Foto: Divulgação / UFJF

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