sexta-feira, 22 de novembro de 2024
“NÃO SE PRESERVA A MEMÓRIA DE UM POVO
SEM O REGISTRO DE SUA HISTÓRIA.”

Os Jogos Paralímpicos de Paris não apenas marcaram um recorde de medalhas para o Brasil, mas também destacaram a importância dos megaeventos esportivos na promoção da acessibilidade e inclusão. Embora a capital francesa tenha feito avanços significativos, ainda enfrenta desafios consideráveis para se tornar plenamente acessível.

Paris tem se esforçado para melhorar a acessibilidade em resposta às exigências da Paralimpíada. Desde 2017, a cidade tem implementado várias melhorias, incluindo investimentos de 22 milhões de euros (R$ 136 milhões) para adaptar pontos de ônibus e aumentar a acessibilidade dos transportes públicos. Atualmente, 59 das 61 linhas municipais são adaptadas, com pelo menos 70% dos pontos acessíveis.

Outra iniciativa importante foi a instalação de módulos sonoros em 2,5 mil semáforos para ajudar pessoas com deficiência visual, com a meta de alcançar 10,4 mil módulos até 2026. A prefeitura também está trabalhando para garantir que pelo menos uma escola adaptada esteja disponível a cada 15 minutos de caminhada para os cerca de 12 mil alunos com deficiência da cidade.

Além disso, a meta de tornar 90% dos imóveis públicos acessíveis até o final de 2024 está em andamento. Seis instalações esportivas foram reformadas com um aporte de 10 milhões de euros (R$ 62 milhões), incluindo a histórica Piscina Georges Vallerey, que recebeu melhorias significativas para garantir acessibilidade.

O presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC), Andrew Parsons, elogiou os avanços feitos por Paris, destacando o crescimento em acessibilidade desde 2017. “Teremos legado no transporte, na educação, em termos de legislação e na percepção da sociedade sobre as pessoas com deficiência. A Paralimpíada é o evento mais transformador do mundo”, afirmou Parsons.

No entanto, apesar dos avanços, Paris ainda enfrenta desafios significativos. A turista espanhola Marta Moreira, cadeirante e com dificuldades de locomoção, relatou dificuldades em seu hotel e em diversos pontos da cidade, como lojas e o sistema de transporte público. A falta de rampas e a inclinação acentuada das vias são questões que ainda precisam ser abordadas.

O metrô de Paris, um dos mais movimentados da União Europeia, continua a ser um ponto crítico. Com mais de 300 estações, apenas 29 são acessíveis para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. A linha 14 é a única totalmente adaptada. A dificuldade para a inclusão no metrô é atribuída às limitações técnicas e à preservação do patrimônio arquitetônico, o que impede a adaptação completa das estações.

A presidente do Conselho Regional da Ilha da França, Valérie Pécresse, recentemente propôs um projeto para tornar o metrô 100% acessível, com um custo estimado de 20 bilhões de euros (R$ 120 bilhões) e um prazo de pelo menos 20 anos. A proposta busca apoio do Governo Federal e da Prefeitura para viabilizar a iniciativa.

A acessibilidade pós-Paralimpíada é um aspecto no qual Barcelona, sede dos Jogos de 1992, se destaca. A cidade catalã implementou um plano de acessibilidade que transformou suas calçadas, praças e estações de metrô, quase todas acessíveis atualmente. A transformação de Barcelona foi tema de um documentário produzido pelo IPC, evidenciando o impacto positivo dos Jogos na inclusão.

Fonte: Agência Brasil

Foto: Christian Hartmann/ Direitos Reservados/ Reprodução 

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