domingo, 24 de novembro de 2024
“NÃO SE PRESERVA A MEMÓRIA DE UM POVO
SEM O REGISTRO DE SUA HISTÓRIA.”

Os registros de casos de racismo no futebol cresceram cerca de 39% em um ano, segundo o 10º Relatório da Discriminação Racial no Futebol, divulgado nesta quinta-feira (26), na sede da CBF, no Rio de Janeiro. A edição 2023 do documento foi divulgada nesta quinta, no auditório da CBF, pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol. O trabalho foi feito em parceria com a CBF e o Grupo de Estudos sobre Esporte e Discriminação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

De acordo com o Observatório, 136 casos de racismo foram registrados em 2023, um aumento de 38,77% em relação ao ano anterior, quando foram anotados 98 incidentes. Desde 2016, observa-se um avanço anual, à exceção em 2020, em função da pandemia do novo coronavírus. Em relação a 2014, primeiro ano do monitoramento realizado pelo Observatório, os incidentes aumentaram em 444% (de 25 para 136).

“O aumento dos casos reportados em relação à temporada anterior reforça a gravidade do problema e os desafios persistentes, que urgem, mais do que nunca, ações inovadoras, efetivas e continuadas, de forma a romper com a passividade e a cumplicidade histórica com o racismo”, afirmou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, o primeiro negro a comandar a CBF em mais de 100 anos de história da instituição.

“Acreditamos que a batalha contra o racismo, em suas diferentes formas, não pode ser vencida de forma isolada. Somente a cooperação entre os diferentes agentes que integram nossa sociedade poderá assegurar às futuras gerações um mundo em que o respeito e a dignidade sejam valores universais, e não exceções”, acrescentou Ednaldo Rodrigues.

“Esse dado não é só ruim. Também apresenta uma evolução importante, que é uma maior conscientização dos torcedores e dos jogadores. Se a gente tem mais denúncias, é porque a sociedade brasileira está mais atenta a entender o que é racismo e as suas diversas formas de expressão”, completou o fundador e diretor executivo do Observatório, Marcelo Carvalho.

O relatório oferece também descrição e desdobramentos de cada caso e destaca outros relacionados a demais tipos de discriminação e violência, como abuso sexual, assédio, gordofobia, apologia ao nazismo e política.

Aumento do recorte

Com o passar dos anos, o Relatório aumentou seu recorte de análise para outras ordens de discriminação, como LBGTfobia, machismo e xenofobia, para outros esportes e para incidentes com atletas brasileiros no exterior.

No total, o documento da Discriminação Racial no Futebomostra também aumento de quase 7% nos casos de discriminação reportados em relação à temporada anterior

Identificou-se, a partir desse escopo ampliado, 250 incidentes discriminatórios, sendo 222 ocorridos no Brasil e 28 com atletas brasileiros no exterior. 222 aconteceram no futebol e 28, em outros esportes.

O racismo predominou entre os 250 casos, com 184. O número corresponde a 74% das denúncias, seguido da LBGTfobia, com 16% (41), da xenofobia, com 6% (14) e do machismo, com 4% (11).

No que diz respeito aos 222 incidentes discriminatórios no futebol, 195 se deram no Brasil, dos quais 136 tiveram cunho racista.

Locais de discriminação

Dos 222 casos registrados no Brasil, 74% (165) ocorreram em estádios, 14% (31) na Internet e 12% (26) em outros espaços. Ainda dentro desse recorte, 136 são de ordem racista, das quais 104 foram identificadas em estádios, 19 na internet e 13 em outros espaços.

Entre os 104 incidentes raciais em estádios no futebol brasileiro, 91 foram verificados durante partidas de futebol em 21 estados diferentes. O Rio Grande do Sul foi o líder de casos, com 20, seguido do São Paulo, que registrou 18, e de Minas Gerais, com dez. As demais 13 ocorrências ocorreram no exterior e envolveram atletas, torcedores e/ou membros de equipes brasileiras: cinco na Argentina, quatro no Paraguai e uma em Chile, Uruguai, Venezuela e Peru.

Fonte: CBF

Fotos: Rafael Ribeiro / CBF

Compartilhe:
Exit mobile version