domingo, 20 de outubro de 2024
“NÃO SE PRESERVA A MEMÓRIA DE UM POVO
SEM O REGISTRO DE SUA HISTÓRIA.”

“A UEMG é hoje a universidade brasileira mais bem equipada em termos de quantidade e diversidade de pianos”.

Essa afirmação foi proferida pela professora Míriam Bastos, da Escola de Música da UEMG (EsMu), que coordena o Projeto de Pesquisa e Extensão Estruturante “Piano, Extensão e pesquisa: Diversidade e música no Circuito Cultural Praça da Liberdade” e junto a outros quatro professores da Unidade tem atuado na implementação de ações e atividades para a inserção e visibilidade da EsMu no Circuito Cultural da Praça da Liberdade, do qual é oficialmente integrante desde a recente inauguração de sua nova sede, na Rua Cláudio Manoel, região Centro-Sul de Belo Horizonte.

Para atender ao público heterogêneo que frequenta esse espaço nobre da capital mineira, a estratégia adotada tem sido suscitar o aumento do número de projetos de extensão e de pesquisa, ampliação do número de eventos e cursos voltados para a população em geral.

Sendo assim, é natural que passe por isso a aquisição de instrumentos que possam acrescentar e/ou substituir aqueles que já pertenciam ao inventário da Escola. E os pianos executam muito bem o prelúdio desse intento.

Com um investimento de pouco mais de R$ 4,3 milhões e a parceria da Fundação Arthur Bernardes, foram entregues à Universidade 17 pianos e 20 bancos ajustáveis, importados de países como a Alemanha e Itália, e que já estão sendo utilizados tanto em apresentações gratuitas, quanto no estudo e prática dos futuros bacharéis de música e em cursos de extensão voltados à comunidade.

A iniciativa é decorrente da Resolução nº 511/2021 do Conselho Universitário da UEMG, que regulamentou os Projetos de Pesquisa e Extensão Estruturais (PPEE), cujas execuções dependem da aquisição de bens ou serviços. A resolução universitária vai ao encontro da Resolução nº 07/18 do Conselho Nacional de Educação, que estabeleceu as diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira. “[Esse aparato legal] incidiu em novas demandas acadêmicas que implicam no incremento de ações de extensão, para muitas das quais, é indispensável a utilização dos referidos instrumentos”, confirma a coordenadora. “As ações deste projeto oferecem, com a contribuição de docentes e estudantes, eventos musicais à população, cursos de formação musical e eventos pedagógicos de extensão abertos a toda a comunidade musical de Belo Horizonte”.

Aprimoramento no Ensino

É possível que as palavras Fazioli, Steinway & Sons e Shigeru Kawai pouco signifiquem ao cidadão comum, mas essas são algumas das marcas de piano mais aclamadas em todo o mundo e cuja recente disponibilidade em Belo Horizonte, segundo Miriam, já tem atraído bastante interesse: “tenho recebido diversas mensagens de pessoas de outras universidades querendo vir conhecer e tocar nesses novos instrumentos”, revela.

E se reverbera na comunidade externa, é junto à comunidade acadêmica que os benefícios ficam ainda mais evidentes. William Matheus (foto à esquerda) tem 25 anos e atualmente cursa o bacharelado em Música, com Habilitação em Piano. Atualmente no 7º período, percorreu sua trajetória acadêmica tanto com os novos instrumentos quanto no período anterior.

Natural do município mineiro de Campo Belo, ele conta que seu encanto com pianos ocorre desde a infância por influência do pai, que já gostava e construía teclados eletrônicos. Ele conta que, por ausência de professores dessa área em sua cidade, foi autodidata no instrumento dos 6 aos 13 anos. Aos 17, integrou a formação em piano em um curso de extensão da EsMu e dois anos depois foi aprovado no Vestibular em Música.

Ele explica que dimensiona sua trajetória na Escola de Música em três momentos: fase inicial, da pandemia e da pós-pandemia, esta já contando com os novos instrumentos adquiridos, período em que ele assinala uma mudança “radical” na prática do ensino, empilhando os benefícios obtidos com as aquisições: “os pianos de estudo de alto nível permitem trabalhar melhor o repertório; a variedade de pianos disponíveis nos prepara para a realidade de tocar em pianos diferentes a cada apresentação e houve a disponibilização dos pianos de cauda antigos da UEMG para estudo [quando só havia os verticais para essa finalidade]. Até mesmo os outros instrumentistas também usufruem, pois há sempre um pianista acompanhando, seja em correpetição ou música de câmara”, avalia.

Avaliando os instrumentos adquiridos, William relata que “o Faziolli é o mais ‘inusitado’, pois é um piano extremamente raro e que não está disponível em qualquer escola ou sala de concerto. Já o piano mundialmente aclamado é o Steinway. E agora a UEMG conseguiu o feito de possuir exemplares das duas melhores marcas de piano do mundo”.

Quem também concorda com os aprimoramentos no ensino a partir dessas aquisições é a discente Bruna Garcia Vieira (foto à esquerda). Cursando o 3º ano do bacharelado em piano pela Escola de Música da UEMG, ressaltou a relevância da disponibilidade de diversos modelos e marcas para aprimoramento da prática pianística. “Na maior parte das vezes nos apresentamos em pianos diversos, então estudar em novos pianos nos ajuda a adaptar mais rápido”.

A discente, que, embora esteja na metade inicial do curso, já se apresentou em palcos como a Fundação de Educação Artística e Conservatório da UFMG, revela ter praticado em todos os novos modelos e já ter elegido seu piano favorito:

“todos são excelentes, todas as intenções que colocamos na obra eles realizam, mas o que mais gosto é o Fazioli. Além de suas teclas serem mais leves, sua resposta ao toque é muito rápida, sua projeção sonora é excelente e seu som, muito aveludado”, avalia.

Desdobramentos

A utilização dos novos instrumentos já tem se convertido em oportunidades para toda a comunidade. Desde a entrega, já foram realizadas três master classes gratuitas (Bernardo Santos – Portugal; Sallu Pinkas e Evan Hirsch – EUA; Solungga Liu – EUA) e dois recitais (Viviana Matchulat – Paraguai e Sallu Pinkas e Evan Hirsch – EUA).

A professora Míriam Bastos celebra as possibilidades abertas tanto com a aquisição dos novos instrumentos quanto da inauguração da nova sede.

“O projeto acaba por ampliar seu campo de ação, uma vez que tem desenvolvido intervenções artísticas e culturais junto à população belorizontina em duas importantes regionais, a Região Centro-sul, no Circuito liberdade, e a Região Noroeste, no bairro Padre Eustáquio”.

As ações de extensão na sede da Rua Cláudio Manoel, que foi recentemente inaugurada e destino de quatro dos pianos adquiridos, também já estão em andamento. A mais recente foi um Concerto de Metais, que ocorreu no final do mês de agosto, em uma tarde de terça-feira.

Antes disso, já houve agenda de apresentações durante as tardes e noites, tanto durante quanto aos finais de semana. “Os horários e dias das programações são bem diversificados, de modo a contemplar públicos com múltiplas faixas etárias e ocupações diárias distintas”, observa Míriam. “Desta forma, tanto estudantes, como trabalhadores ou aposentados terão a oportunidade de frequentar os eventos”.

Uma oportunidade de se acompanharem as atividades gratuitas da nova sede da Escola de Música da UEMG é a Série Sexta com Música, realizada semanalmente e sempre às 12h30, com apresentações gratuitas e duração aproximada de 40 minutos, tornando-se um refúgio sonoro na região Centro-sul da capital.

O espaço, portanto, já preenche de sons a região da Savassi, promovendo periodicamente apresentações musicais abertas ao público, e se soma à Escola de Design da UEMG, que desde 2020 também integra o Circuito Cultural da Praça da Liberdade, com diversas atividades e exposições já apresentadas ao público da região.

Fonte e Foto: Universidade do Estado de Minas Gerais

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