sexta-feira, 18 de outubro de 2024
“NÃO SE PRESERVA A MEMÓRIA DE UM POVO
SEM O REGISTRO DE SUA HISTÓRIA.”

Reef não estava casado nem namorando, mas, ao compartilhar a história de seu filho, Avi viu várias mulheres se oferecendo para gerar um filho para ele. Reef comentou que essa ideia “nos dá algo em que nos apegar”, descrevendo-a como “a missão da minha vida”.

A família de Avi faz parte de um grupo crescente que decidiu congelar os espermatozoides de seus filhos após os ataques do Hamas em 7 de outubro, que resultaram na morte de cerca de 1.200 pessoas e na captura de 251 reféns levados para Gaza. Em resposta, Israel lançou uma grande operação militar em Gaza, levando à morte de mais de 39 mil palestinos, de acordo com o ministério da Saúde controlado pelo Hamas, e cerca de 400 israelenses também morreram na guerra.

Desde 7 de outubro, aproximadamente 170 homens jovens — civis e soldados — tiveram seus espermatozoides extraídos, segundo o ministério da Saúde israelense. Esse número é cerca de 15 vezes maior do que no mesmo período em anos anteriores. O processo envolve a incisão no testículo para remover um pequeno pedaço de tecido, do qual as células espermáticas vivas são isoladas em laboratório e congeladas. A probabilidade de sucesso é maior se a extração for feita dentro de 24 horas após a morte, embora as células possam sobreviver até 72 horas.

Em alguns países, como França, Alemanha e Suécia, o procedimento é totalmente proibido, enquanto em outros, como o Brasil, são exigidas regras rigorosas sobre o consentimento explícito do falecido antes da morte. Em outubro, o ministério da Saúde de Israel dispensou a necessidade de uma ordem judicial para que os pais solicitassem o procedimento. As IDF (Forças de Defesa de Israel) têm se mostrado mais proativas em oferecer esse serviço aos pais enlutados nos últimos anos.

Embora a preservação de espermatozoides tenha se tornado mais acessível, ela levanta questões éticas e legais complexas. Viúvas ou pais que desejam usar os espermatozoides para conceber um filho precisam provar em tribunal que o falecido queria ter filhos, um processo que pode demorar anos e ser especialmente difícil para pais enlutados.

Rachel e Yaakov Cohen foram os primeiros pais israelenses a preservar e usar os espermatozoides de um filho falecido. Seu filho Keivan foi morto por um atirador palestino em 2002 na Faixa de Gaza, e sua neta, Osher — nascida a partir desses espermatozoides — tem agora 10 anos.

O alto número de mortos israelenses nos ataques de 7 de outubro e na guerra subsequente trouxe urgência à questão da extração de espermatozoides para os legisladores. As regras atuais são baseadas em diretrizes publicadas pelo Procurador-Geral em 2003, mas ainda não foram formalizadas em lei. Os legisladores israelenses têm tentado criar uma legislação mais clara e abrangente, mas os esforços têm enfrentado obstáculos.

 

Com as informações da BBC News Brasil

Foto: Reprodução / BBC

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