O Fermilab, laboratório americano de física de partículas de alta energia, deu um grande passo em suas pesquisas com a entrada em operação do SBND (Short-Baseline Near Detector), um inovador detector de neutrinos. Após quase uma década de desenvolvimento, o projeto envolve uma colaboração internacional de 250 cientistas, incluindo pesquisadores da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG).
Importância do SBND
O SBND se destaca por sua alta taxa de detecção de neutrinos. Gustavo Valdiviesso, físico e professor do Instituto de Ciência e Tecnologia da UNIFAL-MG, explica que o detector, situado próximo a uma intensa fonte de neutrinos, tem a capacidade de detectar entre 3.000 e 5.000 neutrinos por dia. Em contraste, experimentos anteriores acumulavam essa quantidade em até 20 anos. “No primeiro dia de operação, o SBND já registrou cerca de 5.000 neutrinos, o que permitirá a criação do maior banco de dados sobre interações de neutrinos já existente”, afirma Valdiviesso.
Detecção e análise
O detector permite catalogar diversas formas de interação dos neutrinos com o núcleo do átomo de argônio, proporcionando uma nova abordagem para estudar física nuclear. Valdiviesso compara o uso dos neutrinos a uma fonte de luz que ilumina o núcleo do átomo, uma técnica nunca antes aplicada na pesquisa.
Envolvimento da UNIFAL-MG
Desde 2015, a UNIFAL-MG tem contribuído para o SBND com simulações e a descrição geométrica dos componentes do experimento. O envolvimento de acadêmicos da instituição tem sido significativo, com diversas colaborações que enriqueceram tanto a experiência quanto a pesquisa.
Marcos Vinicius dos Santos, ex-aluno da UNIFAL-MG, trabalhou em simulações essenciais durante seu mestrado e destaca a experiência no Fermilab como única, que o inspirou a seguir com um doutorado em Física. Outro ex-aluno, Wallison Luiz Anicézio Campanelli, participou da calibração do projeto e atualmente é doutorando na Universidade de Lisboa, onde aplica os conhecimentos adquiridos no SBND.
Impacto e futuro
Heriques Frandini Gatti, agora físico na Universidade de Liverpool, e Tatiana Clarindo de Melo, mestranda da UNIFAL-MG, também integram a equipe do SBND. Gatti ressalta a importância de resolver problemas complexos e adaptar inovações, habilidades que ele considera essenciais em sua carreira.
O professor Valdiviesso afirma que o futuro do SBND promete resultados inovadores, com novos estudantes da UNIFAL-MG se juntando ao projeto. “Nosso grupo de instrumentação, simulação e teoria de física de partículas está aberto a novos talentos, oferecendo a oportunidade de participar de experimentos internacionais desde o início de seus cursos”, destaca.
Fonte e foto: UNIFAL