O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) divulgou, na sexta-feira (4), o novo Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas, revelando que, em 2024, 63 casos de tráfico internacional envolvendo brasileiros para fins de trabalho análogo à escravidão foram registrados, principalmente em países do Sudeste Asiático. A maioria das vítimas foi levada para atuar em plataformas digitais de apostas em países como Filipinas (32%), Laos (17%) e Camboja (11%).
O levantamento foi construído com base no cruzamento de informações de diferentes órgãos públicos, incluindo consulados e embaixadas brasileiras. Casos também foram identificados em países como Nigéria (8%), Bélgica (6%) e Itália (5%). A consultora do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (Unodc), Natália Maciel, destacou que os números representam apenas as vítimas que conseguiram acionar serviços públicos, sendo a subnotificação ainda um obstáculo significativo na identificação dessa violação de direitos humanos.
Segundo o relatório, os grupos criminosos responsáveis por esse tipo de tráfico operam há mais de uma década no Sudeste Asiático, com forte atuação em Camboja e Mianmar. A partir de 2021, essas redes passaram a recrutar vítimas brasileiras por meio de promessas falsas de empregos bem remunerados — como os supostos salários de R$ 4,6 mil oferecidos a vítimas mantidas em cárcere no Camboja. Em 2022, diante das denúncias recebidas, o governo brasileiro passou a adotar o Protocolo Operativo Padrão para Assistência às Vítimas Brasileiras de Tráfico Internacional de Pessoas, com o objetivo de agilizar o atendimento e o compartilhamento de informações.
Casos como o de Luckas Viana dos Santos, de 31 anos, e Phelipe de Moura Ferreira, de 26 anos, que escaparam após quase um ano de trabalhos forçados em Mianmar, evidenciam a gravidade da situação. O Itamaraty relatou que, geralmente, as vítimas são aliciadas por redes sociais para empregos na Tailândia, mas ao chegarem em Bangkok, são levadas de forma ilegal a países vizinhos, onde são obrigadas a aplicar fraudes online envolvendo apostas, criptomoedas e falsos relacionamentos. De acordo com os dados mais recentes, há uma mudança no perfil das vítimas, com predominância de homens jovens, diferente dos relatórios anteriores, que apontavam maior número de mulheres exploradas sexualmente.
Da redação do Jornal Panorama
Com informações: Agência Brasil
Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Jornal Panorama Minas – Grande Circulação – Noticiando o Brasil, Minas e o Mundo – 50 Anos de Jornalismo Ético e Profissional