Autoridades internacionais manifestaram forte preocupação com a intensificação das tensões no Oriente Médio após os recentes bombardeios realizados pelos Estados Unidos contra três instalações nucleares no Irã — Fordow, Natanz e Isfahã —, autorizados pelo presidente Donald Trump na madrugada de domingo, dia 22 de junho. A ação ocorreu em resposta a acusações de que Teerã estaria desenvolvendo armas nucleares, o que o governo iraniano nega. Segundo Trump, os alvos foram “completamente e totalmente obliterados”, embora o Pentágono ainda não tenha confirmado a extensão dos danos.
Durante uma reunião emergencial do Conselho de Segurança das Nações Unidas, realizada em Nova York, o secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou à moderação das partes envolvidas, destacando que o Oriente Médio “não pode suportar outro ciclo de destruição”. Guterres pediu que Irã, Israel e seus aliados “deem uma chance à paz”, ressaltando os riscos de um efeito dominó de retaliações e a necessidade urgente de proteger civis e garantir a segurança da navegação marítima, em referência à ameaça iraniana de fechar o Estreito de Ormuz — rota vital do comércio global de petróleo.
Em meio às tensões, o Irã prometeu responder aos ataques norte-americanos, sem, no entanto, especificar quando ou de que maneira. O Parlamento iraniano já aprovou uma proposta para o fechamento do Estreito de Ormuz, mas a decisão final cabe ao líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei. Desde o início da ofensiva militar de Israel, em 13 de junho, o Irã tem alertado que poderá atingir bases dos EUA no Oriente Médio, caso Washington se envolvesse diretamente no conflito.
O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mariano Grossi, afirmou que, até o momento, não há evidências de vazamentos radioativos provocados pelos bombardeios, mas advertiu sobre os riscos globais de ataques a instalações nucleares. Grossi ainda declarou que a agência está em contato com os dois países e se colocou à disposição para viajar ao Irã com o objetivo de garantir a segurança das instalações e retomar o uso pacífico da tecnologia nuclear, dentro do escopo do órgão. Ele reforçou que “ataques armados a instalações nucleares jamais deveriam ocorrer”.
China, Paquistão e Rússia apresentaram ao Conselho de Segurança um rascunho de resolução que condena os bombardeios, exige um cessar-fogo imediato e defende o direito do Irã ao uso pacífico da energia nuclear. Embora a proposta provavelmente enfrente veto dos Estados Unidos, o documento provocou reações duras de países como Argélia e Rússia. O embaixador russo Vasily Nebenzya classificou a ofensiva americana como “irresponsável, perigosa e provocativa”, acusando Washington de desprezar o direito internacional e agir unilateralmente em busca de hegemonia.
Em contrapartida, a representante dos EUA na ONU, Dorothy Shea, defendeu a operação militar e responsabilizou o Irã por anos de ameaças contra Israel e interesses americanos. Segundo Shea, o regime iraniano precisa encerrar seus programas nucleares e adotar uma postura de negociação de boa-fé. A crise expôs novamente a fragilidade das relações internacionais e o risco de que ações unilaterais possam comprometer a segurança global e comprometer a estabilidade de uma região historicamente sensível.
Com informações: O Globo
Foto: Reprodução Redes Sociais
Jornal Panorama Minas – Grande Circulação – Noticiando o Brasil, Minas e o Mundo – 50 Anos de Jornalismo Ético e Profissional