No Dia Mundial da Alergia, celebrado em 8 de julho, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) reforça a importância do diagnóstico precoce, prevenção e tratamento adequado das doenças alérgicas. Estima-se que cerca de 30% da população brasileira conviva com algum tipo de alergia, segundo a Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai). Apesar da alta prevalência, muitas dessas condições ainda são subdiagnosticadas, o que pode comprometer a qualidade de vida e, em casos mais graves, representar risco à saúde.
As alergias são reações exageradas do sistema imunológico a substâncias normalmente inofensivas, como poeira, pólen, alimentos ou medicamentos. Os sintomas podem incluir coceira, erupções cutâneas, náuseas, falta de ar e, em casos graves, até choque anafilático.
Subdiagnóstico: um desafio na saúde pública
De acordo com especialistas da Rede Ebserh, o subdiagnóstico é comum porque os sintomas podem ser confundidos com outras doenças. Além disso, a falta de acesso a especialistas e a testes específicos em algumas regiões do país dificulta a confirmação clínica. Isso retarda o início do tratamento e pode agravar os quadros alérgicos.
Técnica inovadora facilita diagnóstico de urticária colinérgica
Buscando soluções acessíveis, pesquisadores do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF-UFRJ), ligado à Ebserh, desenvolveram um método inovador e de baixo custo para diagnosticar a urticária colinérgica, uma forma rara de alergia induzida pelo aumento da temperatura corporal, como em ambientes quentes ou durante a prática de exercícios físicos.
O Teste Azizi-Valle, como foi batizado, consiste em subir e descer um lance de 13 degraus, com aumento gradual da frequência cardíaca. O objetivo é elevar a temperatura corporal do paciente e observar as reações da pele. A técnica, além de ser de fácil aplicação, pode ser realizada em locais com pouca infraestrutura, ampliando o acesso ao diagnóstico, inclusive em serviços públicos de saúde.
Alergias mais comuns e seus sintomas
Entre os tipos de alergia mais frequentes estão:
- Respiratórias: rinite e asma alérgica
- Cutâneas: urticária e dermatite atópica
- Alimentares: reação a leite, ovos, frutos do mar, entre outros
- Medicamentosas: geralmente causadas por antibióticos e anti-inflamatórios
Os sintomas variam conforme o tipo de alergia e podem incluir erupções na pele, coceira, inchaço em pálpebras e lábios, dificuldade para respirar, náuseas e vômitos. Em situações graves, pode haver queda súbita da pressão arterial e choque anafilático, uma condição de emergência médica.
O Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR/Ebserh), reconhecido como centro de excelência pela Organização Mundial de Alergia (WAO), é referência no tratamento de diferentes tipos de alergias, incluindo casos mais graves de alergia medicamentosa.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é feito com base na anamnese médica, avaliação dos sintomas e histórico do paciente. Testes laboratoriais, como exames sorológicos e testes de provocação controlada, podem ser indicados para confirmar a alergia, principalmente em casos de reações medicamentosas.
O tratamento inclui o uso de anti-histamínicos, corticoides e, em situações de emergência, adrenalina, especialmente em casos de anafilaxia. Além disso, evitar o contato com a substância causadora da alergia é uma medida fundamental.
Alergia x intolerância
É importante diferenciar alergia de intolerância. Enquanto a alergia envolve o sistema imunológico e pode causar reações graves, a intolerância é uma resposta do organismo que não envolve anticorpos. Um exemplo comum é a intolerância à lactose, que pode causar desconfortos gastrointestinais, mas não oferece risco de vida.
Prevenção e fatores de risco
As alergias têm forte componente genético, mas a exposição ambiental influencia sua manifestação. Entre os fatores de proteção estão:
- Aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade, mantendo-se até 2 anos ou mais;
- Exposição controlada ao ambiente, como contato com natureza, animais e alimentos variados;
- Evitar exposição excessiva a produtos de limpeza agressivos, mofo e poeira.
Imunoterapia: tratamento que modifica a resposta do organismo
A Imunoterapia Alérgeno-específica, conhecida como “vacina para alergia”, é o único tratamento capaz de modificar a resposta imunológica do paciente. Ela reduz a sensibilidade do organismo ao alérgeno, proporcionando melhora sustentada a longo prazo. Apesar disso, não é considerada uma cura, pois o DNA do paciente não é alterado — a doença pode voltar caso o tratamento seja interrompido.
Papel da Ebserh
A Ebserh, vinculada ao Ministério da Educação, administra atualmente 45 hospitais universitários federais no Brasil. Além de atender pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), essas unidades são fundamentais na formação de profissionais de saúde, no desenvolvimento de pesquisas científicas e na inovação tecnológica aplicada à saúde pública.
No campo das alergias, a atuação dos hospitais da Rede Ebserh contribui para melhorar a detecção, o tratamento e o acompanhamento dos pacientes, promovendo saúde com base na ciência, equidade e acesso.
Por Graziela Matoso/ Fonte: Agência Gov/ Foto: Freepik
Jornal Panorama Minas – Grande Circulação – Noticiando o Brasil, Minas e o Mundo – 50 anos de jornalismo ético e profissional