Na sexta-feira, 13 de outubro de 2023, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Meta forneça à Corte os dados de dois perfis nas redes sociais que estariam relacionados ao ex-ajudante de Ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. A decisão envolve as contas @gabrielar702 e Gabriela R, no Instagram, as quais, segundo investigações, teriam sido usadas para divulgar informações sigilosas sobre o acordo de delação premiada firmado com a Polícia Federal (PF) no âmbito da apuração sobre a tentativa de golpe.
A Meta foi obrigada a entregar, em até 24 horas, os dados cadastrais dessas contas, incluindo números de celular e outras informações relevantes. Além disso, a plataforma deverá fornecer todas as postagens feitas entre 1° de maio de 2023 e 13 de junho de 2025. A solicitação foi feita após a revista Veja divulgar uma reportagem afirmando que Mauro Cid teria mentido em depoimento prestado ao STF no dia 9 de outubro.
No depoimento, Cid foi questionado sobre a existência de um perfil nas redes sociais, identificado com o nome de sua esposa, Gabriela Cid, e que estaria sendo utilizado para compartilhar informações da investigação sigilosa. Durante o interrogatório, Cid alegou não saber se o perfil realmente pertencia à sua esposa e negou ter utilizado redes sociais para se comunicar com outros investigados. No entanto, a defesa de Bolsonaro levantou a suspeita de que Cid estaria vazando informações sobre sua colaboração com a PF através desse perfil.
De acordo com as cláusulas do acordo de delação premiada, qualquer vazamento de informações sigilosas pode resultar em penalidades, incluindo a anulação dos benefícios, como a possibilidade de responder ao processo em liberdade. Em resposta à reportagem, o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou uma mensagem em suas redes sociais, defendendo a anulação da delação de Cid e classificando a acusação sobre a trama golpista como uma “farsa”. Em sua postagem, Bolsonaro exigiu a liberdade imediata de outros envolvidos, como o general Braga Netto, e pediu o fim do processo político disfarçado de ação penal.
Por sua vez, a defesa de Mauro Cid enviou um pedido formal ao STF contestando a reportagem da Veja e negando que o perfil nas redes sociais tenha sido utilizado por seu cliente. Os advogados afirmam que o perfil, embora coincidindo com o nome da esposa de Cid, nunca foi de sua autoria, e que as acusações de vazamento de informações são infundadas.
A decisão do STF e o avanço na investigação colocam em evidência a disputa jurídica em torno do acordo de delação de Mauro Cid, que permanece no centro de uma das apurações mais delicadas envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Por Eduardo Souza
Com informações: Agência Brasil
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Jornal Panorama Minas – Grande Circulação – Noticiando o Brasil, Minas e o Mundo – 50 Anos de Jornalismo Ético e Profissional