Começou nessa segunda-feira (12) a transferência de parte dos animais da Escola de Veterinária e do Hospital Veterinário da UFMG que estão sendo protegidos dos riscos gerados pela corrida da Stock Car, que será realizada de 15 a 18 de agosto em torno do estádio Mineirão e muito próximo do campus Pampulha, onde ficam o Hospital e a Escola. Até quarta-feira (14), serão transportados 15 equinos, seis bovinos e seis cães.
Nesse primeiro dia, saíram sete equinos, em duas viagens; na terça, serão levados seis equinos em três viagens (um garanhão vai precisar de espaço exclusivo, por causa da agitação) e, na quarta, seis bovinos e dois equinos em três viagens. Os animais vão permanecer provisoriamente na Fazenda de Igarapé (Fazenda Experimental Hélio Barbosa, da UFMG), em outras escolas e hospitais e no sítio de um aluno de residência do Hospital Veterinário.
Os organizadores da prova não entregaram um plano de mitigação dos efeitos nocivos para os animais que vivem ou estão internados na UFMG. “É claro que temos que retirar do campus todos os animais que podem ser transferidos. Mas também nos preocupam muito os riscos de acidente implicados numa operação de transporte e o estresse gerado pelo percurso e pela mudança de local de abrigo”, afirma a vice-diretora da Escola de Veterinária, Eliane Gonçalves de Melo. Ela ressalta que a distância para a Fazenda de Igarapé é de 55 quilômetros, o que obriga os animais a permanecer por tempo excessivo dentro do caminhão.
A professora cita, como exemplo do potencial de impacto da prova – incluídos treinos e a própria competição –, um episódio ocorrido na noite da última quarta-feira, 7. Um carro correu, durante 20 minutos, no trecho de pista que fica a 50 metros de onde vivem os animais de grande porte. “Estava em velocidade menor que a de corrida, mas já pudemos constatar os efeitos negativos do ruído: os animais em atendimento ficaram muito agitados, e um deles quase caiu da mesa onde passava por um procedimento”, relata Eliane Melo. Ela acrescenta que, ao longo das muitas semanas de obras para a implantação do circuito, os animais sofreram muito com a poeira, o barulho e trepidação causadas pelas máquinas.
Centenas de animais sem atendimento
O Hospital Veterinário da UFMG atende de 70 a 100 animais por dia, o que significa que, apenas nos quatro dias do evento, até 400 animais poderão deixar de ser atendidos. “A unidade estará fechada de quinta a domingo, e os pacientes que porventura aparecerem com problemas mais sérios – apesar da divulgação do esquema extraordinário para esta semana – serão encaminhados a uma clínica parceira na Pampulha ou seguirão para a unidade de preferência do tutor”, informa a diretora do Hospital, professora Christina Malm.
Nos três primeiros dias desta semana, as equipes estão recebendo apenas pacientes agendados, aqueles que retornam de cirurgias e os oncológicos. Nas últimas três semanas, o Hospital desacelerou suas atividades: não foram aceitos casos de cirurgias complexas e outros que necessitassem de longa permanência. O objetivo foi esvaziar naturalmente a unidade para que menos pacientes graves tivessem que passar por operações delicadas de transferência.
Eliane Melo e Christina Malm informam ainda que os bichos silvestres e os cães e gatos que vivem no campus serão monitorados durante o período de maior impacto da corrida, quando o ruído poderá causar desequilíbrio de comportamento e eventuais atropelamentos, por exemplo. Para um caso como esse, haverá sempre uma equipe de plantão, composta de clínico, cirurgião e anestesista.
Cabras grávidas e bezerros em experimento
Um grupo de animais não tem condições de sair do campus. Há cabras que pariram recentemente e outras grávidas – que já tiveram que deixar o capril, que é próximo demais da pista da Stock Car – e 45 bezerros que participam de um experimento e precisam ser mantidos no ambiente controlado na área da Escola e do Hospital Veterinário.
Fonte: UFMG
Foto 1: Arquivo Escola de Veterinária
Foto 2: Bruno Ihara / UFMG