segunda-feira, 6 de janeiro de 2025
“NÃO SE PRESERVA A MEMÓRIA DE UM POVO
SEM O REGISTRO DE SUA HISTÓRIA.”

Análise criminal, polícia antirracista, defesa do Estado Democrático de Direito e atendimento à mulher em situação de violência foram alguns dos quase cem cursos oferecidos aos profissionais do Sistema Único de Segurança Pública (Susp) em 2024. Ao longo do ano, cerca de 223 mil policiais militares, policiais civis, bombeiros militares e peritos criminais foram capacitados nos treinamentos presenciais e à distância promovidos pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Secretaria Nacional de Justiça (Senasp).

Outros temas mais procurados foram atendimento pré-hospitalar tático; atendimento a crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência; o papel dos profissionais do Susp na defesa do Estado Democrático de Direito; e o enfrentamento da desigualdade racial no Brasil. A Diretoria de Ensino e Pesquisa da Senasp ofertou 57 cursos em formato presencial, e 38 on-line. Dos 223 mil alunos, 8.547 participaram presencialmente e 224.808 foram capacitados na modalidade ensino à distância.

A soldado da Polícia Militar do Rio Grande do Norte (RN) Lindinalva Ferreira frequentou presencialmente o curso de atendimento à mulher e disse que o treinamento ampliou a sua percepção quanto ao acolhimento, à comunicação e aos encaminhamentos necessários às vítimas. “O curso me permitiu ter contato com profissionais extremamente competentes, alguns de outros estados, que compartilharam conhecimentos ricos sobre os temas abordados”, destacou.

Segundo ela, a capacitação trouxe avanços importantes, como a melhora na escuta ativa e humanizada e a cautela nos atendimentos, permitindo um direcionamento mais preciso e acolhedor.

Lindinalva enfatizou a importância da preocupação em capacitar os profissionais de segurança pública para atender públicos mais vulnerabilizados, visto que é necessário desenvolver um trabalho unificado e direcionado para criar uma rede de apoio eficaz. “A vítima, quando se depara com um profissional mais bem orientado e empático, sente-se acolhida e mais tranquila ao relatar suas demandas. É preciso identificar os sinais de violência, entender quais parcelas da sociedade têm maiores índices e reconhecer que essa realidade é uma das principais violações dos direitos humanos no mundo.”

Escuta Susp

Além das capacitações, outro programa direcionado para o fortalecimento e a valorização dos profissionais de segurança pública, lançado pela Senasp neste ano, foi o Escuta Susp. A iniciativa, voltada para o atendimento psicológico dos agentes, foi desenvolvida em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e alcançou 4 mil atendimentos, até dezembro. O programa oferece suporte especializado aos profissionais do Susp em 11 unidades da Federação: Alagoas (AL), Bahia (BA), Distrito Federal (DF), Espírito Santo (ES), Maranhão (MA), Minas Gerais (MG), Pará (PA), Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Rio Grande do Norte (RN) e Sergipe (SE).

Por meio de uma plataforma on-line, que garante sigilo e confidencialidade, a iniciativa conta com 42 terapeutas treinados para lidar com as particularidades da rotina policial, por meio de sessões de aconselhamento e psicoterapia semanais, fundamentais para mitigar transtornos como estresse, ansiedade e depressão, comuns na segurança pública.

O professor Maycoln Teodoro, coordenador do projeto pela UFMG, reforça que a iniciativa do Escuta Susp representa um avanço significativo no cuidado com os profissionais do Sistema Único de Segurança Pública (Susp). “Esse projeto foi desenvolvido para atender às necessidades específicas desses agentes, considerando o contexto de alta pressão e os desafios diários que enfrentam. Com psicólogos capacitados e um ambiente seguro e confidencial, conseguimos oferecer um suporte eficiente, que pode fazer a diferença na vida desses profissionais e de suas famílias”, explica.

O coordenador do projeto destaca que cuidar da saúde mental não deve ser restrito ao diagnóstico de doenças. “É importante normalizar o cuidado com a saúde mental e mostrar que a terapia é um recurso valioso, capaz de melhorar o desempenho profissional e a qualidade de vida dos agentes. Quanto antes o sofrimento for identificado e tratado, menores serão os impactos no indivíduo e no ambiente de trabalho”, finaliza Maycoln.

Fonte: Agência Gov

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

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