O município de São João das Missões passou a contar com um Centro de Atenção Psicossocial I (Caps I) indígena. A Gerência Regional de Saúde (GRS) de Januária participou da inauguração realizada no dia 5 de julho.
O Caps é um serviço de saúde de caráter aberto e comunitário, constituído por uma equipe multiprofissional, formada por médico clínico e psiquiatra, farmacêutico, assistente social, psicólogo, fisioterapeuta, enfermeiro e técnico de enfermagem. Esta equipe atua sob a ótica interdisciplinar e realiza, prioritariamente, atendimento às pessoas com sofrimento mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, seja em situações de crise ou em processos de reabilitação psicossocial, podendo ser atendidas no serviço com finalidades distintas, de forma integral e gratuita, pela rede pública de saúde.
A diretora da GRS Januária, Ioná de Carvalho Lisboa, falou sobre a relevância dos serviços de saúde do SUS estarem disponíveis para os povos indígenas. “Fazer políticas públicas a partir de demandas provenientes do território, como no município, pela etapa municipal da última conferência de saúde, de forma ascendente, faz com que sejam cumpridos os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Isso possibilita fazer com que a assistência seja singular para a população”.
Flávia Raiane Pereira da Silva, coordenadora do CAPS I indígena, destaca a importância da implantação do destes serviços de saúde, pois possibilitará, no município de São João Missões, participação dos pacientes em grupos terapêuticos e oficinas, com as especificidades culturais do povo indígena Xakriabá que tem presença forte no território.
“Além disso, o Caps trará mais articulação do cuidado ao usuário e à família com a Rede de Atenção Psicossocial (Raps), matriciamento com as Equipes de Saúde da Família e Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena, bem como atendimentos voltados às singularidades do povo Xakriabá”, observa.
A coordenadora do Caps observa ainda que é uma grande conquista para os povos indígenas e ressalta a importância da ampliação da rede com o serviço de média complexidade, na tentativa de preencher os vazios assistenciais.
Desafios
Ao longo dos anos, diante dos desafios identificados na construção do Plano de Ação regional da Rede de Atenção Psicossocial, ficou evidente as especificidades do território de São João das Missões, conta a coordenadora de Redes de Atenção à Saúde da GRS Januária, Nayra Duarte. Ela acrescenta que, com isso, desde 2018, a pactuação do CAPS I indígena foi uma necessidade ratificada pelo gestor municipal e pelos gestores da microrregião de saúde de Manga. “O território possui uma população predominantemente indígena e tornando-se necessário um serviço pensado e estruturado para acolher as particularidades tanto indígenas como não indígenas, promovendo um cuidado singular”.
Dimas Sales, diretor executivo da Fundação Hospitalar de Amparo ao Homem do Campo e ex-supervisor clínico de Saúde Mental da Raps de Manga, enfatiza que a inauguração de um Centro de Atenção Psicossocial indígena é um fato novo, pois, não se tem registros, até então, de equipamento tão importante da Raps voltado especificamente para a saúde indígena.
“Sabemos que, por meio das Incentivo para a Atenção Especializada aos Povos Indígenas (IAEPIs), alguns Caps existentes próximos aos territórios, atendem a esse público em tela através do cumprimento de metas estabelecidas com o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) e Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI)”.
No entanto, de acordo com Dimas Sales, o CAPS inaugurado em São João das Missões é, em si, a própria pactuação, o compromisso social de uma política pública na construção de uma rede de atenção psicossocial originalmente indígena, no caso da região, voltada a povo Xacriabá.
Fonte: Secretaria Municipal da Saúde de Minas Gerais
Fotos: Kecio Ramos