A cidade de Santarém, no Pará, enfrenta uma grave crise ambiental devido à densa fumaça que se espalha por mais de mil quilômetros na região, resultante de incêndios florestais. Emerson Lima da Silva, prático de navios que está atualmente no município, relatou a situação alarmante: “Em mais de 15 anos, nunca vi nada igual. A cidade está completamente encoberta pela fumaça, tanto nas ruas quanto dentro dos estabelecimentos.” O impacto da poluição do ar tem sido devastador, com o cheiro de fumaça se tornando onipresente. “Estou em um hotel e o cheiro está em todos os quartos. É uma coisa absurda”, contou Emerson, que não escondeu sua preocupação com a saúde da população local.
Em 2024, o Pará já registrou mais de 11 mil ocorrências de incêndios florestais, e o estado concentra quase metade dos incêndios da Amazônia Legal, o que agrava ainda mais a situação. A visibilidade restrita tem gerado sérios problemas para a navegação na região. “Tirei fotos do rio, mas a fumaça é tão densa que não consigo ver os terminais de atracação dos navios. Não dá para ver onde os navios atracam para pegar soja”, afirmou o prático de navios, destacando o impacto nas atividades comerciais locais.
Além das dificuldades logísticas, há o temor crescente quanto às consequências para a saúde pública. Emerson também alertou para os potenciais problemas respiratórios que podem surgir com a prolongada exposição à poluição. “Muita gente já está usando máscara. Certamente teremos consequências para a saúde das pessoas aqui”, afirmou, indicando que os efeitos da crise podem ser duradouros e preocupantes.
A situação em Santarém se tornou ainda mais crítica com o fechamento de espaços públicos e o esvaziamento das ruas. Emerson compartilhou sua experiência ao tentar sair do hotel: “Eu ia andar um pouco pela orla do Rio Amazonas, mas não está dando. Voltei para o meu quarto porque está muito ruim lá fora.” A combinação da fumaça com a umidade local tem tornado o ambiente praticamente insuportável, tornando a cidade um local perigoso para seus moradores.
A gravidade da crise é refletida pelos índices alarmantes de poluição do ar. Segundo a plataforma PurpleAir, Santarém foi a segunda cidade mais poluída do mundo na sexta-feira, 29 de novembro. O índice de poluição da cidade atingiu 455 microgramas por metro cúbico (µg/m³), enquanto a situação em Alter do Chão foi ainda mais crítica, com 475 µg/m³. Esses números são quase dez vezes superiores ao limite considerado seguro pela Organização Mundial da Saúde, que é de 50 µg/m³.
Diante desse cenário, as autoridades locais e a população de Santarém esperam medidas urgentes e eficazes para combater os incêndios e proteger a saúde e o bem-estar dos moradores. O tempo está se esgotando, e a crise ambiental exige uma resposta rápida e contundente.
Informações e fotos: Emerson Lima da Silva