Em 2024, o Triângulo Mineiro, onde a produção de citros tem se destacado, registrou aproximadamente 80 mil toneladas de laranjas e tangerinas, um aumento de 18% em relação ao ano anterior. Esse crescimento coincide com a migração de produtores paulistas, que buscam novas áreas para cultivo em Minas Gerais, diante da proliferação do greening em São Paulo.
Assim, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), autarquia vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), por meio do projeto Viva Citros, realiza entre os dias 30 de setembro e 4 de outubro, em Araxá, uma semana de atividades voltadas à educação sanitária e fiscalização para o controle de doenças que afetam a citricultura.
Um dos pontos centrais do Viva Citros será a orientação técnica sobre o cadastro obrigatório das áreas produtoras de citros junto ao IMA. Esse processo deve ser realizado anualmente, e as propriedades precisam contar com um responsável técnico, que pode ser um engenheiro agrônomo ou um técnico agrícola habilitado.
Cabe a esses profissionais a emissão do Certificado Fitossanitário de Origem (CFO), um documento que atesta a sanidade dos frutos e é indispensável para a obtenção da Permissão de Trânsito Vegetal (PTV). Esse certificado, emitido pelo IMA, garante que a produção está livre de pragas, permitindo a comercialização segura dos citros em todo o território nacional.
O projeto Viva Citros, idealizado pelo IMA, tem como principal objetivo educar a cadeia produtiva sobre a importância da vigilância constante e do manejo fitossanitário adequado.
Ações como a identificação precoce de pragas e o controle rigoroso de doenças como o greening e o cancro cítrico são essenciais para garantir a longevidade da citricultura na região.
O evento em Araxá contará com palestras, visitas técnicas e blitze educativas, que buscarão sensibilizar produtores, técnicos e estudantes sobre os desafios e as melhores práticas para o controle dessas doenças.
Entre os temas abordados estarão a identificação e controle do Huanglongbing (HLB), popularmente conhecido como greening. Esta doença, causada por uma bactéria transmitida por insetos vetores ou pelo uso de mudas contaminadas, é devastadora para os pomares cítricos. Não há tratamento eficaz contra o greening, e as plantas afetadas precisam ser erradicadas para evitar a disseminação da praga.
Com base nisso, o Viva Citros reforçará a necessidade de erradicar plantas contaminadas e evitar a propagação do inseto vetor, medidas essenciais para a proteção dos pomares na região.
Expansão e desafios
A migração de citricultores paulistas para o Triângulo Mineiro está sendo impulsionada, em grande parte, pela busca por áreas livres de greening. A citricultura na região tem se destacado pela implementação de tecnologias avançadas, que superam as utilizadas em muitas áreas do estado de São Paulo, afetadas pela doença.
Além disso, os produtores locais estão aproveitando uma janela de mercado favorável, ao anteciparem suas safras em períodos de menor oferta de laranja no mercado nacional.
Apesar de o greening já ter sido detectado em algumas áreas urbanas da região, principalmente em plantas ornamentais como a murta, a doença ainda não comprometeu significativamente os pomares comerciais.
O IMA, em parceria com outras instituições, tem realizado monitoramentos fitossanitários e campanhas educativas para prevenir a disseminação do HLB e outras pragas.
Durante o evento, serão realizadas visitas técnicas para levantamento de pragas em propriedades rurais e viveiros de mudas, além de ações educativas nas escolas da região.
Programação
A Semana Viva Citros será marcada por uma programação diversificada. No primeiro dia, ocorrerá a abertura oficial do evento, seguida de palestras sobre o controle de pragas e o uso seguro de agrotóxicos.
Nos dias seguintes, haverá visitas técnicas em propriedades e viveiros, além de blitze educativas nas estradas, para conscientizar sobre a importância da prevenção na disseminação de pragas. A programação também incluirá atividades voltadas para estudantes, com palestras e demonstrações sobre as doenças que afetam os citros.
O evento é uma oportunidade para produtores e técnicos da região aprimorarem seus conhecimentos e garantirem a sanidade e a competitividade da citricultura local.
Fonte e foto: Agência Minas