quinta-feira, 9 de janeiro de 2025
“NÃO SE PRESERVA A MEMÓRIA DE UM POVO
SEM O REGISTRO DE SUA HISTÓRIA.”

Pela primeira vez em um século, antas (Tapirus terrestris) foram registradas em vida livre no estado do Rio de Janeiro. A descoberta histórica foi feita pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) em parceria com a Vale, por meio de armadilhas fotográficas instaladas em áreas do Parque Estadual Cunhambebe, na Costa Verde. O marco inédito para a fauna fluminense revela a recuperação de uma espécie que, até então, só era encontrada em cativeiro ou em processos de reintrodução em outras partes do Brasil.

O flagrante foi feito com o auxílio de dez câmeras distribuídas em pontos estratégicos do parque, o que resultou em 108 registros de antas. Entre as imagens, estão grupos de até três indivíduos capturados simultaneamente e uma fêmea com filhote, sugerindo que a espécie já esteja estabelecida na região. Esse registro de antas vivendo livremente e sem intervenção humana direta é considerado um avanço significativo para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica fluminense.

“É a primeira vez, em dez décadas, que são flagrados, registrados e monitorados no Rio de Janeiro tais animais em total vida livre, ou seja, indivíduos que não dependeram de ação humana direta ou projetos de reintrodução de fauna”, destacou o Inea em comunicado.

A anta-brasileira, maior mamífero terrestre da América do Sul, pode pesar até 250 quilos e desempenha um papel ecológico vital. Ela é considerada uma espécie-chave no ecossistema, atuando como dispersora de sementes, o que ajuda na regeneração das florestas e na manutenção da biodiversidade. Sua capacidade de adaptação a diferentes tipos de terreno, incluindo áreas alagadas e encostas íngremes, e sua habilidade como nadadora, contribuem para a preservação do habitat natural e proteção contra predadores.

A redescoberta da anta no Rio de Janeiro é um reflexo do trabalho de conservação de ecossistemas promovido pelo Inea, especialmente nas unidades de conservação estaduais. De acordo com o secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi, as unidades de conservação no estado protegem quase meio milhão de hectares de Mata Atlântica, oferecendo um ambiente ideal para a fauna nativa. “Em episódios como esse, nos certificamos de que estamos no caminho certo. Essa redescoberta é um marco não só para o Rio de Janeiro, mas para a ciência”, afirmou Rossi.

O Parque Estadual Cunhambebe, onde as antas foram registradas, é o segundo maior parque do estado, com quase 40 mil hectares de áreas protegidas. Além das ações de proteção ambiental, o parque se destaca por suas iniciativas em educação ambiental, que buscam promover a conscientização das comunidades do entorno sobre a importância da preservação do meio ambiente e da biodiversidade local.

O último registro de antas no estado do Rio de Janeiro havia ocorrido em 1914, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, quando a espécie foi considerada extinta na natureza fluminense. As principais causas para seu desaparecimento foram a perda de habitat devido à urbanização, a caça predatória e a exploração desenfreada da fauna. Atualmente, a anta-brasileira está listada como uma espécie vulnerável na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

A redescoberta das antas no Rio de Janeiro representa não apenas uma vitória para a fauna fluminense, mas também um impulso para os esforços de conservação da biodiversidade da Mata Atlântica. A partir do material registrado pelas câmeras fotográficas, o Inea poderá desenvolver estratégias de conservação mais eficazes, promovendo políticas de proteção para a espécie e garantindo que as futuras gerações possam se beneficiar de um ecossistema equilibrado.

A parceria entre o Inea e a Vale, iniciada em 2020, foi fundamental para a realização dos registros. As câmeras fotográficas instaladas com o apoio da Vale têm contribuído para o monitoramento contínuo da fauna e para o desenvolvimento de ações de proteção ecológica na região. O presidente do Inea, Renato Jordão, destacou a importância desses registros para a conscientização da sociedade sobre a importância da biodiversidade e da preservação dos ecossistemas locais.

“Apresentar esses registros da anta, após mais de 100 anos classificada como extinta no estado do Rio de Janeiro, é um momento histórico e significativo. A partir do material capturado, é possível promover estratégias eficazes de conservação e conscientizar a sociedade sobre a importância da biodiversidade”, afirmou Jordão.

Com as informações da Agência Brasil

Foto: Ascom-Instituto Estadual do Meio Ambiente / Divulgação

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