Segundo a Defesa Civil do Estado de São Paulo, a chegada do tempo quente e seco pode provocar mais incêndios. A cidade segue alerta para os perigos da fumaça provocada pelas queimadas
A Defesa Civil do estado de São Paulo (SP) informa que, até o momento, não existem focos ativos relacionados com os incêndios dos últimos dias. Mas ainda assim, decidiu manter 48 municípios em alerta máximo – cidades que tiveram princípios de queimadas no último fim de semana. De acordo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Defesa Civil, essas localidades serão monitoradas 24 horas por dia.
Para piorar a situação, a previsão para o próximo fim de semana é de baixa umidade do ar e elevado risco de incêndios, devido à onda de calor que afeta todo o estado, esclarece o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Heráclio Alves.
“A massa de ar quente e seco volta a ganhar força em grande parte do país, mas principalmente sobre o Brasil Central, cobrindo aí grande parte da região Centro-Oeste, área do Sudeste, especialmente ali o centro-oeste de São Paulo, oeste de Minas Gerais. E nesses últimos dias de agosto, início de setembro, predomina ainda uma condição de tempo mais quente e seco, o que deve favorecer aí a ocorrência de queimadas ou até potencializar aqueles focos que já existem”, alerta.
Segundo informações do CGE, não há mais pessoas desalojadas no estado de SP em razão dos focos de incêndio. Até o momento, foram contabilizados 44.600 hectares de área queimada. Mas, de acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências, o número ainda pode aumentar. Existem municípios que não finalizaram todos os levantamentos.
Confira o mapa que aponta o aumento diário dos riscos de incêndios para status de alerta e emergência até o próximo domingo. Confira abaixo os riscos de incêndio para os próximos dias.
Entenda o caso
Uma nuvem de fumaça assustou moradores de alguns estados nos últimos dias. Diversos focos de incêndio foram registrados em cidades como São Paulo. Várias regiões sofreram com os efeitos da fumaça, que se dispersou com a ação dos ventos.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a quantidade de focos de incêndio ao mesmo tempo em diferentes localidades levou as autoridades a abrir investigação para saber se parte deles é de origem criminosa. Ao todo, já são 31 inquéritos abertos entre Amazônia e Pantanal e dois em São Paulo. O governo do estado decretou situação de emergência, por 180 dias, em razão das ocorrências de incêndios florestais entre 4 e 24 de agosto.
Conforme a Defesa Civil, os trabalhos do gabinete de crise e do posto avançado em Ribeirão Preto seguem monitorando para dar prontas respostas às queimadas que atingem o interior do estado. Com a melhora da situação, todas as rodovias também já foram liberadas.
A Polícia Civil informou que está mobilizada para investigar todas as ocorrências de incêndios criminosos no estado, especialmente as identificadas nas regiões afetadas pelas queimadas. Até o momento, três prisões foram efetuadas em São José do Rio Preto, Batatais e Guaraci.
Preocupação com a fumaça
Diante da fumaça que se espalhou por várias cidades, médicos alertam para os perigos para o organismo com a inalação. O pneumologista e professor da Faculdade de Medicina da UnB Ricardo Martins diz que, quando se está em área de queimadas, a quantidade de fuligem que fica suspensa no ar que as pessoas respiram é muito elevada.
“Essa carga, ela é maior do que as defesas pulmonares são capazes de nos proteger e aí você começa a ter uma regressão das vias respiratórias dos pulmões por essa fuligem, por essa poluição toda. Isso pode causar grande sensação de mal-estar, tosse intensa, desconforto respiratório, pode agravar os quadros de doenças respiratórias crônicas, como a asma”, explica.
Para o professor Gilmar Alves Zonzin, pneumologista, membro e ex-presidente da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro (Sopterj), em situações em que se tem uma grande elevação dos níveis de poluentes aéreos, os pulmões não têm capacidade de limpeza, de defesa, de proteção suficiente para dar conta desse aumento de carga de poluição muito acentuada. Sendo assim, é importante se proteger, recomenda o especialista.
“As pessoas que não têm alternativa, que têm que se expor porque têm que sair para trabalhar, têm que se deslocar por qualquer motivo que seja, o uso de máscaras que possam ajudar na filtração de partículas maiores do ar é algo que ajuda a proteger a via respiratória e a segurar algumas partículas maiores, minimizando o impacto desses elementos de poluição do ar atmosférico sobre o aparelho respiratório”, explica.
A Defesa Civil também orienta a população com relação ao que fazer quando avistar um foco de incêndio:
Sair imediatamente da área e buscar abrigo seguro. Informar o Corpo de Bombeiros (193) e a Defesa Civil (199)
Redobrar a atenção ao dirigir
Evitar atravessar áreas com cortinas de fumaça e fogo. Caso seja inevitável, reduzir a velocidade, manter os faróis baixos acesos e uma distância segura do veículo à frente
Evitar se deslocar pelas rodovias e rotas com interdições
Não soltar balões
Evitar acender fogueiras, especialmente próximo às matas e florestas
Não utilizar o fogo para fazer limpeza de terrenos ou queimar lixo
Em propriedades rurais, construir e manter aceiros limpos para evitar a propagação do fogo
Abaixo, você confere a lista com os 48 municípios em alerta máximo para incêndio:
Monte Alegre do Sul
Alumínio
Santo Antônio do Aracanguá
Piracicaba
Pontal
Monte Azul Paulista
Sertãozinho
Torrinha
Santo Antônio da Alegria
Nova Granada
Iacanga
Taquarituba
Coronel Macedo
Ubarana
Pompeia
Boa Esperança do Sul
Pitangueiras
Salmourão
Lucélia
Poloni
Dourado
Sabino
Jaú
Pirapora do Bom Jesus
Itápolis
Itirapina
Bernardino de Campos
São Simão
Presidente Epitácio
Bebedouro
Bananal
São Luís do Paraitinga
Ibitinga
Tabatinga
Brodowski
Luís Antônio
Pedregulho
Tambaú
Urupês
Turiúba
Arealva
Pradópolis
Altinópolis
Paulo de Faria
Águas da Prata
Morro Agudo
Batatais
Barrinha
Fonte: Brasil 61
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil