O Teatro Marília, um dos mais emblemáticos espaços culturais de Belo Horizonte, completa 60 anos. A data é um marco importante para a cidade e será comemorada com uma programação artística que combina teatro e dança, a partir deste sábado (07). Entre as atrações deste primeiro fim de semana de comemoração estão o monólogo “Órfãs de Dinheiro”, da atriz Inês Peixoto; o espetáculo infantil “Clownstrofobia”, do grupo Real Fantasia; e a Mostra de Resultado do Edital “Corpo-Território”.
O evento é uma realização da Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Fundação Municipal de Cultura (SMC – FMC), e as atividades integram as ações em comemoração aos 127 anos de Belo Horizonte realizadas pelo Circuito Municipal de Cultura. A entrada é gratuita, mediante a retirada de ingressos pelo site Sympla. Ao longo de 2025, novas atividades serão divulgadas dentro do calendário de celebração do aniversário do Teatro Marília.
O Circuito Municipal de Cultura é um projeto realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte, através da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, em parceria com o Instituto Odeon.
A comemoração dos 60 anos do Teatro Marília é uma homenagem ao legado do teatro, que sempre foi um centro de cultura e resistência em Belo Horizonte.
De acordo com a secretária municipal de Cultura, Eliane Parreiras, aniversário do Teatro Marília é um marco importante para a cultura de nossa cidade. “Este espaço, que já faz parte da história de Belo Horizonte, continua a ser um ponto de encontro para artistas e plateias, promovendo o acesso à arte e à diversidade cultural. A Secretaria de Cultura se orgulha de apoiar e celebrar a vida do Teatro Marília, que segue sendo um símbolo de resistência e inovação no cenário cultural da cidade”, completa.
Para o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Bernardo Rocha, “o Teatro Marília é um dos pilares da cena teatral de Belo Horizonte, representando não apenas a memória cultural da cidade, mas também seu presente vibrante e seu futuro promissor. Estamos felizes em comemorar mais um ano de história desse espaço tão querido, que segue encantando e inspirando gerações com sua programação plural e de qualidade”, destaca.
A programação não só celebra os 60 anos do espaço, como também reafirma sua importância como patrimônio cultural de Belo Horizonte. As atividades têm início no próximo sábado, dia 7 de dezembro, às 20h, com a apresentação do espetáculo “Órfãs de Dinheiro”, monólogo escrito e encenado por Inês Peixoto, uma das maiores atrizes mineiras, agraciada com 12 prêmios por sua atuação em teatro, entre eles o Prêmio APC 2022 de Melhor Atriz, e três prêmios por sua atuação em cinema. A peça conta a história de três mulheres em situações diferentes de vulnerabilidade, decorrentes da impossibilidade de autossustentação. Uma mulher vendida para exploração sexual ainda criança, uma refugiada que luta pela própria sobrevivência e de seu bebê e uma empregada sonhadora – um pequeno recorte das tantas realidades de vulnerabilidade vividas por mulheres do Brasil e do mundo. (Duração: 55 minutos | Classificação: 12 anos).
A programação segue no domingo (08), às 16h, com uma atração especial para as crianças: o espetáculo “Clownstrofobia”, do grupo mineiro Real Fantasia, que conta a história de um palhaço que tem medo de palhaços. Em cena, um “herói” solitário recebe uma caixa misteriosa, cujo conteúdo o fará enfrentar seu maior medo e construir para si uma outra saída. Através de jogos de improvisação e da palhaçaria teatral, o texto e a encenação vão sendo construídos, resultando numa dramaturgia viva e aberta a soluções cênicas não pré-concebidas. Assim os atores criam uma situação imaginária para unir os universos da palhaçaria e do teatro infantil. (Duração: 55 minutos | Classificação: Livre).
No dia 10, às 19h, o “Terça da Dança”, projeto especial do Teatro Marília e do CRDançaBH, apresenta a mostra de resultado das pesquisas realizadas por meio do Edital Dança Corpo-Território 2024, criado para fomentar a produção de conhecimento na área da dança. O edital selecionou cinco propostas que investigam a relação entre a dança, o acervo museológico do centro de Belo Horizonte e os Centros de Referência municipais. Durante a mostra, o público poderá conferir o resultado de quatro trabalhos: “Trança, Tronco – Diálogos para Florescer”, dos artistas Marize Dinis, Danton Walison e Sílvia Guedes; “Corpos Afiados ou Afincados?”, de Adriana Banana, Maria Flor Guerreira, Carolina Chaves e Nadj KaiKai; “Zi – Zona Indeterminada”, da coreógrafa Dudude; e a instalação “Ocupação Move Concreto! Mhab”, do Grupo Contemporâneo de Dança Livre.
“Trança, Tronco – Diálogos Para Florescer”: O projeto de pesquisa propõe investigar as relações entre corpo e cidade a partir de uma abordagem intergeracional entre três artistas da dança com trajetórias distintas em Belo Horizonte. A pesquisa busca mapear a história da dança local, destacando influências mútuas e experiências compartilhadas. O processo envolve práticas corporais, trocas de memória e a criação de um trabalho de dança colaborativo. O projeto visa fortalecer o diálogo entre gerações, gerar acervo artístico e fomentar a pesquisa histórica da dança na cidade. (Marize Dinis, Danton Walison e Sílvia Guedes | Duração: 30 minutos | Classificação: Livre).
“Corpos Afiados Ou Afincados?”: O trabalho propõe uma imersão sensorial e crítica nos espaços do Teatro Marília e do CRDançaBH, desafiando as lógicas da arquitetura modernista da cidade e as convenções teatrais. A pesquisa reúne corpos diversos – uma artista lésbica PCD, uma dançarina e Drag Queen negra, uma indígena Pataxó e uma mulher lésbica negra/indígena – para questionar as relações de visibilidade e representação no palco, subvertendo as dinâmicas entre público e performers. A proposta busca repensar a dança e a performance como agentes de transformação social e estética, convidando o público a vivenciar uma experiência disruptiva que conecta corpo, espaço e identidade. (Adriana Banana, Maria Flor Guerreira, Carolina Chaves e Nadj KaiKai | Duração: 30 minutos | Classificação: Livre).
“Zi – Zona Indeterminada”: Apresenta o recorte de uma pesquisa continuada pela artista improvisadora Dudude, que desde muito tempo se interessa no que pode vir a ser a improvisação como “linguagem F I M” de trabalhos na Cena Viva. Nesta performance, a artista apresentará modos de textos usando da linguagem escrita, falada e dançada, como fonte para aguçar a imaginação e alargar entendimentos da audiência. (Dudude | Duração: 90 minutos | Classificação: Livre).
“Ocupação Move Concreto! Mhab”: Proposta que une a dança e os atravessamentos com outras linguagens. Será criada no foyer do teatro uma instalação com os registros e rastros da pesquisa, com o objetivo de propor discussões sobre as relações do cidadão com a cidade, suas bordas e caminhos; as histórias não contadas, os mapas não feitos e as memórias soterradas. O trabalho é resultado das investigações realizadas durante duas travessias feitas pelo grupo: uma caminhada com duração de 6 horas do Museu Histórico Abílio Barreto até a Casa de Cultura Nair Mendes; e uma segunda caminhada com duração de 5 horas saindo do Museu Abílio Barreto (MHAB) até o Centro de Referência da Memória de Venda Nova), além de visitas mediadas e ações performáticas. (Duna Dias/Leonardo Augusto/Heloisa Rodrigues/Socorro Dias | Duração: 15 minutos | Classificação: Livre).
Sobre o Teatro Marília
O Teatro Marília nasceu como propriedade da Cruz Vermelha brasileira, tendo ficado sob sua responsabilidade durante 15 anos. Concebido como auditório da sua Escola de Enfermagem, foi inaugurado em 1964. Ainda nas décadas de sessenta e setenta, foi referência e ponto de encontro para artistas, intelectuais e boêmios, afirmando-se como importante espaço teatral no circuito nacional e possuindo uma das caixas cênicas mais harmoniosas da cidade. No local, funcionaram também a Galeria Guignard e o bar Stage Door, pontos de encontro de artistas e público.
Em 1980, passou a ser administrado pela Fundação Clóvis Salgado que, a partir de 1981, teve como parceiros a APATEDEMG (Associação Profissional dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão do Estado de Minas Gerais), o SATED (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões), o INACEN (Instituto Nacional de Artes Cênicas) e mais tarde a FUNDACEN (Fundação de Artes Cênicas). Durante quase dez anos, esse convênio permitiu que o Teatro Marília tivesse o funcionamento de suas atividades garantido.
Devido à sua história e importância cultural, em 1991, o Teatro foi tombado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município para uso cultural. Neste mesmo ano, passou a ser administrado pela Prefeitura de Belo Horizonte, graças a um convênio firmado entre a PBH e a Cruz Vermelha, ainda proprietária do espaço. No ano de 2014 passou por uma restauração, ganhando mais 71 lugares, novas cadeiras e tratamento acústico, intervenções que tiveram o objetivo de proporcionar mais conforto ao público e aos artistas. Nos últimos três anos, o Teatro teve sua fachada restaurada e ganhou novo projeto de iluminação, além de uma nova mesa de luz.
Sobre o Circuito Municipal de Cultura
O Circuito Municipal de Cultura foi criado com o compromisso de oferecer uma programação contínua, em diversos formatos, a partir de ações descentralizadas nas nove regionais da PBH. Desde então, o projeto tem realizado shows, espetáculos cênicos, intervenções urbanas, exibição de filmes e mostras temáticas, além de atividades de reflexão e formação em diferentes linguagens artísticas, reforçando seu importante papel de fomento.
Entre dezembro de 2019, quando foi lançado, e setembro de 2024, o Circuito Municipal de Cultura realizou 1.150 atividades artísticas e culturais, que alcançaram um público estimado de aproximadamente 580 mil pessoas. Incluindo ações presenciais, virtuais e híbridas, a programação ocorrida durante esse período histórico do projeto movimentou a contratação de quase 7 mil artistas e profissionais técnicos da cadeia produtiva da cultura.
Fonte: Prefeitura de Belo Horizonte
Foto: Ricardo Laf / PBH