O policial militar Rodrigo José de Matos Soares, acusado de matar a menina Ágatha Felix, foi absolvido pelo júri popular, em decisão divulgada na madrugada deste sábado. Ágatha, de apenas 8 anos, foi baleada durante uma incursão policial no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, em setembro de 2019. O PM foi considerado o autor do disparo que atingiu a criança, mas os jurados entenderam que ele não teve a intenção de matar, como alegado pela defesa.
O juiz Cariel Bezzera Patriota, da 1ª Vara Criminal do Júri, proferiu a sentença após a decisão dos jurados, que consideraram improcedente a acusação de homicídio doloso. “Ante o exposto, atendendo à vontade soberana do Egrégio Conselho de Sentença desta comarca, julgo IMPROCEDENTE a acusação e absolvo RODRIGO JOSÉ DE MATOS SOARES da acusação pela prática do crime previsto no art. 121, §2º, incisos I e IV n/f do art. 73 do Código Penal”, escreveu o juiz. A sentença foi publicada em audiência, e as partes foram informadas.
Entenda o caso
A tragédia aconteceu na noite de 20 de setembro de 2019, quando Ágatha Felix estava dentro de uma Kombi com sua mãe, Vanessa, no Complexo do Alemão, durante uma operação policial na comunidade da Fazendinha. A menina foi atingida nas costas por estilhaços de uma bala de fuzil disparada durante a troca de tiros entre policiais e criminosos.
De acordo com a versão oficial da PM, os policiais foram atacados simultaneamente em diversas áreas da comunidade e, durante o confronto, dispararam em resposta. A versão da polícia sustenta que a bala que atingiu Ágatha teria ricocheteado em um poste após ser disparada contra uma moto com dois ocupantes, mas testemunhas contestaram essa narrativa.
A Versão da Mãe e a expectativa pela condenação
Vanessa, mãe de Ágatha, manifestou sua expectativa de que o PM fosse condenado antes do início do julgamento. “Eu estou com um mix de emoções. Ansiedade, tristeza, euforia… Tudo ao mesmo tempo. Mas com esperança que a Justiça seja feita. Acredito na Justiça”, afirmou ela, demonstrando a dor e a esperança de ver o responsável pela morte de sua filha punido.
Em seu depoimento, Vanessa relembrou o momento da morte da filha. “Aconteceu um barulho que parecia uma bomba e ela gritando ‘mãe, mãe, mãe’. Eu falando ‘filha, calma’. E até hoje, quando chego em casa, tenho aquele sentimento de que algo está faltando”, contou a mãe, emocionada.
Reações ao veredito e protestos
Durante o julgamento, os policiais envolvidos na operação reafirmaram que atiraram em legítima defesa após serem atacados por uma dupla de motoqueiros. No entanto, essa versão foi contestada pelas testemunhas de acusação, que relataram uma versão diferente dos eventos.
Após a absolvição de Rodrigo José de Matos Soares, parentes e amigos de Ágatha protestaram em frente ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, demonstrando indignação com o veredicto. A decisão gerou repercussão entre a população e ativistas que criticam a atuação da polícia em favelas e comunidades periféricas.
Fonte e foto: Redes Sociais