Um estudo realizado por professores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) em parceria com outras instituições mineiras aponta que um tipo específico de atividade física – o treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) – pode reduzir a progressão da periodontite, uma inflamação crônica que afeta as gengivas e pode levar à perda de dentes, e melhorar aspectos comportamentais relacionados à saúde mental. A pesquisa, conduzida pelos professores da Faculdade de Ciências da Saúde (FCS/UFLA) Eric Francelino Andrade e Luciano José Pereira oferece novas perspectivas para o tratamento da periodontite.
O estudo sugere que o treinamento intervalado de alta intensidade pode ser uma estratégia eficaz para combater a periodontite e, ao mesmo tempo, melhorar a saúde mental. “A pesquisa foi conduzida com ratos e, apesar dos resultados promissores, destacamos a necessidade de estudos adicionais para confirmar, em humanos, esses achados ”, ressalta o professor Eric. Desta forma, o HIIT pode se tornar uma estratégia para prevenção do agravamento da periodontite em pacientes de risco, oferecendo uma abordagem terapêutica que beneficia tanto a saúde bucal quanto o bem-estar mental”.
O artigo intitulado “High-intensity interval training mitigates the progression of periodontitis and improves behavioural aspects in rats” – tradução nossa – “O treinamento intervalado de alta intensidade mitiga a progressão da periodontite e melhora aspectos comportamentais em ratos” diz que a inflamação sistêmica causada pela periodontite pode afetar o Sistema Nervoso Central, promovendo ansiedade e problemas cognitivos. O HIIT parece contrabalançar esses efeitos, promovendo um ambiente anti-inflamatório e antioxidante no cérebro.
A pesquisa
Os cientistas dividiram 48 ratos Wistar em quatro grupos distintos: “não treinados”, “não treinados e com periodontite”, “treinados com o método HIIT e que possuíamperiodontite” e os “treinados com o método HIIT e sem periodontite. Após seis semanas de exercícios em esteira, dois grupos tiveram periodontite induzida artificialmente. O estudo continuou por mais duas semanas com os ratos seguindo seus respectivos protocolos de treinamento.
O grupo de “treinados com o método HIIT e que possuíam periodontite” apresentou uma redução significativa na perda de osso alveolar e danos ósseos, em comparação ao grupo de “não treinados e com periodontite”. Além disso, o treinamento reduziu os níveis de inflamação no organismo dos animais com periodontite.
O pesquisador Eric completa que “os ratos com periodontite mostraram maior ansiedade e déficit de memória. Contudo, os animais com periodontite que praticaram treinamento apresentaram melhorias nesses aspectos. Testes comportamentais indicaram que os ratos com periodontite do grupo treinados tinham menor ansiedade e melhor desempenho de memória em comparação com os do grupo com periodontite não treinados”.
A pesquisa, realizada em parceria com o Programa de Ciências da Saúde e Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), câmpus Diamantina, e com o Departamento de Ciências Exatas da Universidade do Estado de Minas Gerais, câmpus João Monlevade, foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
Os estudos seguiram os preceitos éticos envolvendo animais de experimentação.
Treinamento Intervalado de Alta Intensidade (HIIT)
HIIT é a abreviação de High-Intensity Interval Training – em português, Treinamento Intervalado de Alta Intensidade. Como o nome já sugere, ele envolve a prática de exercícios de alta intensidade e com tempo curto, intercalados por recuperação de baixa intensidade. É um tipo de treino realizado com o objetivo de acelerar o metabolismo e, assim, promover a queima de gordura, além de ser também um treino que promove a melhora do condicionamento físico.É possível praticar HIIT levantando peso, pedalando, caminhando, nadando, entre outras atividades feitas na academia, ao ar livre ou até mesmo em casa.É importante que o treino seja feito sob orientação de um profissional de educação física, para diminuir os riscos de lesões.
Fonte: UFLA
Foto: Reprodução / UFLA