A investigação da morte de uma mulher, de 43 anos, em 21 de janeiro deste ano, em Belo Horizonte, resultou na prisão preventiva do namorado dela à época. O homem, de 33 anos, é suspeito de ter agredido e asfixiado a vítima até a morte utilizando um travesseiro. O mandado foi cumprido na quinta-feira (26/9), e o caso apresentado pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), hoje (30/9), em coletiva de imprensa.
O crime
Conforme apurado pelo Núcleo de Combate ao Feminicídio, vinculado ao Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a vítima foi encontrada por um familiar, dois dias depois do crime (23/1), após o retorno de uma viagem com outros parentes. Eles residiam em um mesmo lote no bairro Céu Azul, região de Venda Nova, sendo que a mulher morava sozinha e foi localizada na casa dela, em estado de decomposição.
“Foi nesse momento, ciente de que esses familiares estavam viajando, que o namorado dela cometeu esse assassinato”, pontou a delegada Iara França. Segundo a titular do núcleo, inicialmente, o investigado foi chamado à unidade policial como testemunha. “Apresentou a versão de que esteve com ela naquele domingo, durante a tarde, foram para um bar e beberam. Em razão de ciúmes, brigaram, ele a deixou em casa e foi embora”, detalhou.
Trabalho investigativo
No decorrer das investigações, a equipe policial levantou elementos que indicaram a autoria do crime. “Todo o local foi muito bem levantado. A forma como ela foi encontrada, as lesões encontradas no corpo dela, não eram compatíveis como se a vítima tivesse, segundo a versão dele, tido uma overdose de drogas e ali desfalecido na cama sozinha”, informou Iara.
Segundo a delegada, a mulher foi morta com agressões na face, principalmente na região dos olhos, e posteriormente asfixiada com um travesseiro. “Nesse travesseiro, inclusive, foram encontradas moscas”, contou, ao complementar que o objeto estava no corpo da vítima, mas, segundo informações repassadas à polícia, foi removido por familiares e colocado em outro local.
“E algumas pequenas informações foram juntadas dentro desse quebra-cabeça, como a notícia de um vizinho que teria ouvido um barulho na casa, de uma voz masculina, de um momento que o suspeito disse que não estaria lá. Fizemos a junção das provas objetivas, do que é coletado no próprio corpo e no local do crime, com os indícios coletamos de pessoas, testemunhas, vizinhos, conseguimos encaixar todas essas peças e chegamos à conclusão de que ele de fato havia a assassinado”, acrescentou a delegada.
Prisão
O inquérito policial foi concluído em julho, e a PCMG representou à Justiça pela prisão do investigado. Após monitoramento da equipe do núcleo para localizá-lo, o homem foi preso em Betim, Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde estava morando, após retornar do trabalho na área da construção civil, e não resistiu à ação policial. Desde então, o suspeito encontra-se no sistema prisional.
Violência doméstica
Conforme os levantamentos policiais, a vítima estava em um relacionamento com o suspeito há cerca de um ano e sofria violência doméstica, mas não procurou a polícia para denunciar os fatos.
“Ela sofria calada e, mais uma vez, é uma vítima fatal de feminicídio, que não registrou ocorrência, que não pleiteou medida protetiva. Então é importante reforçar a necessidade do registro. A polícia só consegue saber se aquele núcleo familiar precisa de uma atenção maior se a ocorrência for registrada”, ressalta a chefe do DHPP, delegada Alessandra Wilke.
A PCMG orienta que todo caso de violência doméstica e familiar contra a mulher seja denunciado. O registro pode ser feito diretamente em unidade policial, via disques 180 ou 181 e também pela DELEGACIA VIRTUAL nos casos de ameaça, vias de fato/lesão corporal e descumprimento de medida protetiva. Acesse o manual produzido pela Polícia Civil e saiba mais sobre o tema.
Fonte e Foto: Polícia Civil