Na manhã deste sábado (17), o Papa Leão XIV recebeu em audiência os membros da Fundação Centesimus Annus Pro Pontifice, por ocasião da Assembleia Geral da instituição, que teve como tema “Superar as polarizações e reconstruir a governança global: as bases éticas”.
Durante seu discurso, o Pontífice afirmou que o tema é central para a Doutrina Social da Igreja, destacando seu papel como instrumento de paz, diálogo e construção de pontes de fraternidade universal. Ele recordou que já Papa Leão XIII, em sua época, havia buscado contribuir para a paz promovendo o diálogo entre capital e trabalho, tecnologias e inteligência humana, culturas políticas e nações.
Doutrina Social e novos desafios
Papa Leão XIV sublinhou que a atual conjuntura mundial, marcada pela “policrise”, termo frequentemente utilizado pelo Papa Francisco para descrever a sobreposição de crises globais, exige chaves interpretativas que unam ciência e consciência. Segundo ele, a Doutrina Social da Igreja deve oferecer critérios éticos e princípios de discernimento que permitam enfrentar os problemas com abertura à graça de Deus.
Dirigindo-se aos membros da fundação, o Pontífice reforçou que a Doutrina Social deve favorecer um acesso genuíno às questões sociais, levando em consideração os novos desafios e sonhos de cada geração.
Doutrina, não doutrinação
Ao falar sobre a natureza da Doutrina Social, o Papa fez questão de diferenciar “doutrina” de “doutrinação”. Enquanto a primeira é um caminho multidisciplinar em busca da verdade, aberto à evolução e à reflexão crítica, a segunda, segundo ele, é fechada ao diálogo, impede o pensamento crítico e atenta contra a liberdade de consciência. “São a seriedade, o rigor e a serenidade o que devemos aprender de cada doutrina”, ressaltou.
Os pobres como protagonistas
No contexto da era digital e das fake news, Leão XIV fez um apelo para redescobrir o senso crítico, promovendo o estudo, a escuta e o encontro com os pobres. Segundo ele, os mais vulneráveis devem ser reconhecidos não apenas como destinatários, mas como verdadeiros continuadores e atualizadores da Doutrina Social da Igreja.
“Os testemunhos de compromisso social, os movimentos populares e as organizações católicas de trabalhadores devem ser ouvidos”, afirmou. “Recomendo-vos dar a palavra aos pobres”.
Chamado ao discernimento coletivo
Encerrando seu discurso, o Papa evocou o espírito do Concílio Vaticano II, convidando a fundação a participar ativamente do discernimento dos sinais dos tempos, em colaboração com todo o povo de Deus, com atenção especial aos jovens e marginalizados. “Eles expressam uma forte necessidade de justiça, paternidade, maternidade e espiritualidade”, concluiu.
Por Leonardo Souza
Com as informações: Vatican News
Foto: @Vatican Media