Na sexta-feira (30), o paulista Júlio César Agripino, de 33 anos, conquistou a primeira medalha de ouro do Brasil no atletismo durante os Jogos Paralímpicos de Paris 2024. Júlio brilhou na prova dos 5.000 metros, classe T11 (deficiências visuais), ao completar a corrida com um tempo de 14min48s85, estabelecendo um novo recorde mundial e paralímpico.
A vitória de Júlio foi acompanhada de uma dobradinha no pódio, com o sul-matogrossense Yeltsin Jacques, de 32 anos, garantindo a medalha de bronze na mesma prova. A prata ficou com o japonês Kenya Karasawa.
Júlio expressou sua alegria e emoção após a conquista. “Estou muito feliz, é muita emoção ser campeão paralímpico e quebrar o recorde mundial. Mostra a força da periferia, comecei a treinar só tinha um campinho. Mas com muita força e determinação eu consegui vencer. Sempre tem altos e baixos na vida, mas agora sou campeão paralímpico. Dedico também essa medalha para o meu avô, ” disse Júlio.
Essa é a primeira medalha paralímpica de Júlio, que já havia conquistado a prata na mesma distância no Mundial de Kobe 2024, no Japão, ficando atrás de Yeltsin. Júlio também foi campeão mundial dos 1.500 metros em Kobe e voltará a disputar essa distância em Paris, com as semifinais marcadas para 2 de setembro e a final para 3 de setembro.
Júlio foi diagnosticado com ceratocone, uma doença degenerativa da córnea, aos sete anos. Inicialmente atleta convencional, ele fez a transição para o paradesporto com o apoio dos treinadores do Centro Olímpico. “Sempre tive dificuldade para controlar a parte mental e me concentrar. Eu chegava bem condicionado, mas falhava na concentração. Conversei ontem com minha psicóloga, falei que estava um pouco nervoso, mas hoje acordei e pensei, vou ganhar. Ela falou que eu iria reagir bem e foi o que aconteceu, ” relatou Júlio.
O atletismo teve seu primeiro dia de competições em Paris, e é a modalidade que mais contribuiu para o número de medalhas do Brasil na história dos Jogos Paralímpicos. Com as conquistas de Júlio e Yeltsin, o total de medalhas no atletismo chegou a 172, com 49 ouros, 70 pratas e 53 bronzes em provas de pista e campo.
Yeltsin Jacques: Terceira Medalha Paralímpica
Yeltsin Jacques, por sua vez, alcançou sua terceira medalha paralímpica. Ele já havia conquistado dois ouros nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, nos 5.000 metros e nos 1.500 metros, ambos na classe T11. O brasileiro também é recordista mundial dos 1.500 metros, com um tempo de 3min57s60, obtido em Tóquio.
“Estou muito feliz pelo Júlio. Eu tive uma lesão e peguei uma virose, o que acabou atrapalhando um pouco a preparação. Mas, como minha esposa disse, você ou chupa o limão azedo ou faz a limonada. Estou com sentimento de missão cumprida, ” afirmou Yeltsin.
Yeltsin, que nasceu com baixa visão, iniciou sua trajetória no atletismo ajudando um amigo totalmente cego a correr. Desde então, ele começou a treinar e competir, iniciando sua carreira nos Jogos Paralímpicos Escolares em 2007.
Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro
Foto: Wander Roberto/CPB