No início desta semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre um possível surto de infecção pelo vírus Marburg na região de Kagera, na Tanzânia. Os primeiros casos suspeitos foram reportados à OMS no dia 10 de janeiro, com seis pessoas infectadas, das quais cinco morreram.
De acordo com a OMS, os casos apresentaram sintomas comuns da doença, como dor de cabeça, febre alta, dores nas costas, diarreia, hematêmese (vômitos com sangue), mal-estar e, em estágios mais avançados, hemorragias externas. No dia seguinte, já haviam sido registrados nove casos suspeitos em pelo menos dois distritos, Biharamulo e Muleba, com oito mortes, resultando em uma taxa de letalidade de 89%. Amostras de dois pacientes foram coletadas e estão sendo analisadas.
A OMS também mencionou que pessoas próximas, incluindo profissionais de saúde, foram identificadas e estão sendo monitoradas nos distritos afetados. No ano passado, em março, o distrito de Bukoba, na mesma região, havia registrado um surto de Marburg, que resultou em nove casos e seis mortes.
O vírus Marburg, pertencente à mesma família do Ebola, é altamente virulento e tem uma taxa de mortalidade elevada. Os sintomas da doença começam de forma abrupta, com febre alta, dor de cabeça, mal-estar e podem evoluir para graves complicações hemorrágicas. Em muitos casos, os pacientes sofrem hemorragias em diversas partes do corpo, e a morte pode ocorrer rapidamente, geralmente devido a sepse viral, falência de órgãos e sangramentos.
O que é o vírus Marburg?
A doença causada pelo vírus Marburg é classificada como uma grave febre hemorrágica viral, que pode ser fatal. Identificada pela primeira vez em 1967, na cidade de Marburg, na Alemanha, a infecção tem sido reportada em diversos países africanos, como Angola, República Democrática do Congo, Uganda e, mais recentemente, na Tanzânia. A OMS considera a doença uma grande ameaça à saúde pública devido à sua alta taxa de mortalidade e à ausência de um tratamento antiviral específico ou vacina.
Como ocorre a infecção?
A infecção ocorre inicialmente por meio do contato com morcegos frugívoros, conhecidos como Rousettus, que frequentemente habitam minas e cavernas. A transmissão entre seres humanos acontece por meio do contato com fluidos corporais de pessoas infectadas, como sangue, vômito, fezes, saliva, urina e outros. A doença também pode ser transmitida por superfícies e materiais contaminados com esses fluidos. A OMS alerta que a infecção pode se espalhar facilmente de um membro da família para outro ou de um paciente para profissionais de saúde que não utilizam proteção adequada.
Sinais e sintomas
Os primeiros sintomas do Marburg podem surgir entre dois a 21 dias após a infecção e incluem febre alta, calafrios, dor de cabeça intensa e cansaço. Com o agravamento da doença, outros sintomas como náuseas, vômitos, dor abdominal e diarreia podem aparecer. Nos estágios avançados, hemorragias nas gengivas, nariz, e até nos órgãos internos, são comuns, e os pacientes podem sofrer de falência múltipla de órgãos.
Como prevenir a infecção?
Para evitar o contágio pelo vírus Marburg, a principal orientação é evitar o contato com pessoas ou animais infectados. A OMS também recomenda práticas rigorosas de higiene, como lavar as mãos regularmente com sabão ou solução alcoólica, e evitar o contato com fluidos corporais de pessoas infectadas, além de não manipular corpos de pessoas falecidas com sintomas de Marburg. Pessoas em áreas afetadas devem seguir as medidas de triagem e controle impostas pelas autoridades de saúde locais.
Tratamento e vacinas
Atualmente, não há tratamento específico para a infecção por Marburg. O atendimento consiste em cuidados de suporte, como hidratação e controle de sintomas, o que pode melhorar as chances de sobrevivência. A OMS também destaca que não existe uma vacina aprovada para prevenir a doença, embora algumas vacinas estejam em fase de desenvolvimento.
A situação na Tanzânia continua sendo monitorada pelas autoridades locais e pela OMS, que segue trabalhando para conter a disseminação da doença e oferecer o apoio necessário às regiões afetadas.
Com as informações da Agência Brasil
Foto: Africacdc / Divulgação