Quase 18 milhões de mineiros, de 800, dos 853 municípios do estado, podem ligar para o número 192 e acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o Samu. Isso corresponde a uma cobertura de 93,7% e significa que nove em cada dez municípios já contam com o serviço.
Para que isso fosse possível, o Governo de Minas investiu, nos últimos três anos, mais de R$85 milhões na ampliação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192), garantindo a presença de médicos e ambulâncias em todo o território mineiro para prestar socorro à população em casos de emergência. O recurso foi empregado na estruturação das Centrais de Regulação de Urgência (CRU), na capacitação dos profissionais e na aquisição das unidades móveis gerenciadas por consórcios intermunicipais de saúde.
“Atingimos uma marca muito importante, que é a de ter 800 municípios com o Samu funcionando. Mas não é apenas um veículo. Quando alguém disca 192, é atendido por um profissional capacitado, que vai avaliar a necessidade de cada caso, orientar o usuário e enviar uma equipe qualificada para o atendimento e transporte desse paciente de forma rápida e segura”, destaca o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti.
Em 2019, seis macrorregiões mineiras não possuíam cobertura do Samu 192. Hoje, o serviço está implantado e em funcionamento no formato regional nas macrorregiões Centro-Sul, Leste/Vale do Aço, Oeste (e Micro Betim), Extremo Sul, Sudoeste e Sul Sudeste/Leste do Sul, Nordeste/Jequitinhonha, Norte, Triângulo do Norte, Noroeste, Centro (Micro Contagem), Centro (Micros Belo Horizonte/Nova Lima/Santa Luzia, Ouro Preto, Vespasiano/Lagoa Santa) e Centro (Micros Sete Lagoas e Curvelo).
“Minas investe mais de R$300 milhões por ano para manter essa máquina funcionando. Em 2019, apenas metade dos municípios tinham acesso ao Samu e hoje estamos caminhando para oferecer o serviço a todos aos 853 municípios mineiros”, salienta Baccheretti.
Apenas a macrorregião Triângulo do Sul e a microrregião Centro, composta pelas micro de Itabira, Guanhães e João Monlevade ainda não estão cobertas pelo serviço. Mas o processo de implantação de ambas já está em andamento.
Além das unidades macrorregionais, alguns municípios possuem o serviço de emergência no formato municipal. Esse é o caso, por exemplo, do Samu de Betim (Macrorregião Centro) e de Poços de Caldas (Macrorregião Extremo Sul).
No momento mais difícil
O Samu presta socorro à população em casos de urgência e emergência, seja nas vias públicas, residências ou empresas. O atendimento precoce e em ambiente pré-hospitalar, ainda nos locais de ocorrência, evita complicações e óbitos.
Assim que o Samu 192 é acionado, uma equipe, composta por médicos reguladores, define um possível diagnóstico da situação e a prioridade do atendimento. E, então, dependendo de cada ocorrência, uma Unidade de Suporte Básico (USB) ou uma Unidade de Suporte Avançado (USA) é enviada para realizar o socorro das pessoas.
Minas Gerais conta com 104 USA e 373 USB, em 343 bases descentralizadas espalhadas pelo território. Após esse primeiro atendimento, é definido o ponto de atenção na rede para o qual o paciente será encaminhado. Os quadros clínicos de menor complexidade são encaminhados para as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e os mais graves para os hospitais.
A história do jornalista Rafael Silva foi acompanhada ao vivo por milhares de pessoas. Em janeiro de 2021, ele teve um mal súbito enquanto apresentava o jornal na emissora de televisão em que trabalha. Rafael foi prontamente atendido pelos bombeiros e, em seguida, pelo Samu 192, ainda no local.
“Eu estava apresentando o jornal, e, como se tivessem me puxado da tomada, eu caí. Não me lembro de nada. Mas sei que estou aqui graças à dedicação dos profissionais do Samu, não tenho dúvidas. Eles não desistiram de mim, da minha vida, que estava ali em jogo”, conta.
“Eles cuidaram de mim como se fosse alguém próximo: um filho, um irmão, um pai. O sentimento que tenho pelos profissionais do Samu é de gratidão e amor. Eles fazem parte da minha história para sempre”, declara.
O socorrista Frederico Oliveira, que atua no Samu 192 desde 2021, considera o trabalho gratificante exatamente porque faz uma grande diferença na vida das pessoas.
“Quando a gente chega, geralmente, a pessoa está em um sofrimento extremo. É um momento muito difícil e a gente consegue trazer uma solução e ajudar da melhor forma possível”, avalia.
Trabalho cooperativo e integrado
Para garantir a presença do Samu 192 em todo o território, Minas adotou um formato regionalizado, por meio do qual o atendimento é ofertado aos moradores por sistemas de consórcios entre municípios vizinhos. O custeio dos serviços é realizado de forma tripartite entre os entes governamentais, sendo que o estado repassa anualmente cerca de R$325 milhões aos consórcios.
“O modelo é eficaz e possibilita o alcance de mais pessoas, além de gerar economia de escala e permitir a execução, na prática, de uma regionalização solidária e cooperativa entre os municípios mineiros, ampliando o acesso aos serviços”, explica Luzia Borges, referência técnica da coordenação Estadual de Urgência e Emergência da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).
Exemplo de trabalho cooperativo, o Consórcio Intermunicipal de Saúde da Macrorregião Sul de Minas (Cissul) é considerado o maior Samu do Brasil. Com sede em Varginha, funciona desde 2015 e é composto por 154 cidades. Atualmente, o consórcio possui 45 bases descentralizadas instaladas em municípios estratégicos e 58 ambulâncias, sendo 45 de Suporte Básico (USB) e 13 de Suporte Avançado (USA).
Toda essa estrutura oferece cobertura a uma população de 2,8 milhões de habitantes e envolve cerca de 800 profissionais. Em 2023, foram contabilizados 61.786 atendimentos pelo Cissul/Samu, além de 42.608 orientações médicas. Já em 2024, até 25 de agosto, foram registrados 43.855 atendimentos e 30.867 orientações médicas. O tempo médio de deslocamento das equipes, da chamada telefônica no sistema até o local da ocorrência, é de cerca de 20 minutos e a duração do atendimento, em média, de 38 minutos.
Segundo o secretário Executivo do Cissul/Samu, Filipe Batista, a partir dos recursos estaduais, que configuram mais de 50% do total recebido pelo Consórcio, foi possível ampliar em mais de 30% o atendimento nos últimos 18 meses, resultando na diminuição do tempo resposta e proporcionando melhorias aos colaboradores e aos usuários do serviço.
“Com os recursos recebidos pela SES-MG, no último ano, implementamos mais dez novas bases de suporte básico e três de suporte avançado no Cissul para ampliar o nosso atendimento. Além disso, conseguimos, de forma eficiente, implantar melhorias para o nosso efetivo, como aumento do vale alimentação e plano de saúde”, detalha.
O motociclista André Filipe de Lima acredita que a agilidade na resposta às ocorrências o ajudou a enfrentar um momento complicado em 2023, quando sofreu um grave acidente de trânsito. Ele conta que teve várias fraturas no acidente e que sentia muita dor.
“A ambulância chegou muito rápido. Eu lembro que fiquei pouco tempo no chão. No local mesmo, eles já aplicaram a medicação, porque a dor era muito grande, e fui levado para o hospital”, lembra.
Agilidade
A agilidade no atendimento é uma das marcas do Samu Regional Macro Centro BH, que atua em três microrregiões de Saúde: Belo Horizonte/Nova Lima/Caeté, Ouro Preto e Vespasiano. A Central de Regulação do Samu, com base em Belo Horizonte, conta com sistema de georreferenciamento único, que facilita o melhor empenho das ambulâncias das três microrregiões de Saúde atendidas pela ampliação do Samu 192.
A Central de Regulação de Urgência funciona, atualmente, no Centro Integrado de Operações de Belo Horizonte (COP-BH) e possui estrutura para regular todos os municípios que integram o Samu Macro Regional BH. A regulação médica realizada por Belo Horizonte é responsável pelo atendimento telefônico e direcionamento dos casos, com classificação da gravidade, que definem a necessidade ou não do envio de ambulância e o tipo de socorro que será empenhado. Caso a ambulância seja enviada, quanto mais grave o caso, mais rápido será o tempo-resposta das equipes, que hoje é, em média, de 15 minutos para situações com risco iminente de morte.
Em dezembro de 2023, o Samu 192 de Belo Horizonte expandiu a regulação pré-hospitalar passando de oito para 23 cidades, incluindo a capital, para garantir socorro rápido a quase quatro milhões de pessoas. Hoje são cinco bases descentralizadas, implantadas estrategicamente nos municípios, e uma Central de Regulação de Urgência. No ano passado, o serviço realizou 130.616 atendimentos com envio de ambulâncias e mais de 500 mil chamadas telefônicas em busca de socorro. Este ano, já são 79.900 atendimentos via ambulância e mais de 355 mil chamadas.
Reforço aéreo
Com 586.528 km² de área territorial, Minas Gerais possui extensão similar a de muitos países e, para garantir as transferências dos pacientes em tempo oportuno, o estado conta, desde 2012, com o Serviço Aéreo de Suporte Avançado (Saav), parceria entre a Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG), o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), o Comando de Aviação do Estado (Comave) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), por meio dos Consórcios Regionais de Saúde.
O Saav possui atualmente seis helicópteros e dois aviões, com bases em Belo Horizonte, Montes Claros, Varginha e Uberaba, garantindo uma resposta rápida e eficiente em situações de emergência médica. O número de pacientes transportados tem crescido, saindo de 344, em 2016, para 1007 no ano passado. O número de vítimas atendidas também saltou de 428, em 2016, para 1276 em 2023.
“Seja por via terrestre ou aérea, a velocidade é primordial para salvar muitas vidas. É o investimento de cada real que vai fazendo a diferença na saúde dos mineiros”, conclui o secretário Fábio Baccheretti.
Fonte e foto: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais