A crescente elevação do nível do mar, impulsionada pelo aquecimento global e pelo derretimento das geleiras, ameaça grandes cidades litorâneas do Brasil, que já estão elaborando estratégias para evitar ou minimizar os impactos. No Rio de Janeiro, por exemplo, uma colaboração com a NASA foi formada para monitorar e planejar ações contra o avanço do mar.
Estima-se que aproximadamente 2,1 milhões de pessoas possam ser impactadas pelo aumento do nível do oceano. Essa projeção baseia-se em dados do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), que delineia o cenário mais adverso caso as metas globais de redução de emissões de gases de efeito estufa não sejam cumpridas, e o aquecimento global não seja contido.
No Rio de Janeiro, o avanço do mar poderia causar inundações em áreas como Barra da Tijuca e Jacarepaguá. Em resposta, com a parceria da NASA, foram implementadas políticas públicas alinhadas à Agenda 2030 da ONU para promover um desenvolvimento sustentável.
O maior risco de impacto, conforme análises, foi identificado em Guaratiba, Barra de Guaratiba, Vigário Geral, Parada de Lucas, Recreio dos Bandeirantes e Barra da Tijuca.
Além do Rio de Janeiro, as capitais ameaçadas são: Salvador (BA), Fortaleza (CE), Recife (PE), Porto Alegre (RS), Santos (SP) e São Luís (MA). Essas metas estão detalhadas no Plano de Desenvolvimento Sustentável e Ação Climática (PDS), publicado em 2021. Entre os objetivos da Prefeitura do Rio estão:
- Reflorestar 3,4 mil hectares;
- Consolidar 1,2 mil hectares de áreas floridas;
- Dobrar a cobertura arbórea em praças e parques;
- Revitalizar 300 km de vias públicas com drenagem sustentável e prioridade para pedestres;
- Realizar obras de drenagem, limpeza e desassoreamento de rios e canais.
Barreiras e Lagos Artificiais
Para enfrentar inundações causadas por ressacas e outras cheias, a Prefeitura de Santos investiu na instalação de barreiras com geobags – sacos de material geotêxtil preenchidos com areia. São 49 sacos dispostos ao longo de 275 metros na orla da cidade.
Esse projeto começou na área da Ponta da Praia, que pode ser inundada com um aumento de 1,5ºC na temperatura global. Se a temperatura subir para 3ºC, praticamente todas as praias e grande parte da área urbana do município poderiam ser afetadas.
Também está planejada uma obra de aprofundamento do canal de navegação portuária, em parceria com a Autoridade Portuária, para melhorar a contenção de ressacas.
Em Fortaleza, um aumento de 1,5ºC resultaria em inundações nas praias de Titanzinho e do Futuro. Em resposta, a prefeitura está construindo um lago subterrâneo artificial sob a Avenida Heráclio Graça, que conecta o centro ao bairro Aldeota, conhecido por sofrer com inundações.
O lago terá capacidade para armazenar 14 mil metros cúbicos de água, equivalente a 13 piscinas olímpicas, e o investimento na obra é de R$ 24 milhões. O projeto inclui a substituição do asfalto por um piso permeável com gralhas para melhorar a drenagem. A água do reservatório será direcionada gradualmente para o Riacho Pajeú, e as obras, iniciadas em novembro de 2023, devem ser concluídas até o final do ano.
Plano Nacional
Diante da potencial crise para as cidades litorâneas brasileiras, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) está desenvolvendo o Plano Nacional sobre Mudança do Clima, conhecido como Plano Clima. Esta iniciativa envolve 20 ministérios e propõe estratégias nacionais para mitigar e adaptar soluções climáticas.
Serão elaborados sete planos de mitigação e 15 de adaptação, com planos específicos para cidades e um plano setorial voltado para o oceano. As estratégias devem entrar em consulta pública no segundo semestre e os planos setoriais estão previstos para serem lançados no início de 2025.
A atualização do Plano Clima foi determinada pelo Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM), principal órgão de gerenciamento climático do país, reestruturado pelo presidente Lula em junho de 2023. Em setembro, o grupo decidiu formar equipes de trabalho para a criação do novo plano.
Além disso, o MMA está desenvolvendo o Projeto de Apoio à Elaboração de Planos Municipais de Adaptação do Clima, chamado AdaptaCidades. Este projeto visa apoiar a elaboração de 260 planos locais de adaptação nos estados e no Distrito Federal, identificando riscos e medidas de adaptação, com ações de articulação, capacitação, aplicação de metodologias, fornecimento de informações específicas e suporte técnico especializado.
Com as informações do Portal Terra e Estadão Conteúdo
Foto: Divulgação / NASA