A produção de tangerina Ponkan em Minas Gerais deve atingir 238,6 mil toneladas em 2024, consolidando uma safra recorde para o estado. Segundo levantamento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), o volume representa um crescimento de 3,1% em relação ao ano anterior. O pico da colheita se estende entre os meses de maio e julho, período em que a fruta alcança maior oferta no mercado. Minas se mantém como o segundo maior produtor nacional da variedade, atrás apenas de São Paulo.
A Ponkan, conhecida popularmente como mexerica, é a principal entre as diversas variedades de tangerina cultivadas no estado. Com 12,4 mil hectares plantados, a cultura é predominante entre agricultores familiares, totalizando 6.175 pequenos produtores envolvidos diretamente com o cultivo. De acordo com o coordenador de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio, a fruta é atrativa pela facilidade de manejo e alta produtividade, o que proporciona bom retorno financeiro aos produtores. Ele destaca ainda que a cultura se adapta bem a regiões com temperaturas médias entre 20 °C e 30 °C.
As maiores concentrações de produção estão no Sul de Minas, Zona da Mata, Campo das Vertentes e região Central. Já no Norte e Nordeste mineiro, embora o cultivo seja menos expressivo devido às temperaturas elevadas, a produção é viável por meio da irrigação. Os três municípios com maior volume colhido são Belo Vale, Campanha e Brumadinho. Em Belo Vale, líder estadual na atividade, a expectativa é de uma colheita de 34,6 mil toneladas distribuídas em uma área de 2,1 mil hectares. É nesse município que atua o produtor Flávio Amaral Santos, cuja família cultiva tangerina desde os anos 1960. Com 50 hectares plantados, ele relata que a atividade é passada de geração em geração e que, mesmo com o atraso na colheita causado pela escassez de chuvas em fevereiro e março, as perspectivas seguem positivas. A fruta produzida em sua propriedade é enviada para destinos como São Paulo, Belo Horizonte, Uberlândia, Teresina, Maceió, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
Apesar da boa estimativa de produção, a Emater-MG reforça a necessidade de atenção com o greening, considerada a doença mais grave da citricultura. Causada por uma bactéria e transmitida pelo psilídeo — inseto que se alimenta da seiva de plantas cítricas —, a doença compromete a qualidade e produtividade dos frutos, podendo levar à morte das árvores. As orientações incluem o controle rigoroso do vetor, uso de mudas sadias oriundas de viveiros certificados, além da eliminação imediata de plantas infectadas e de pomares antigos e improdutivos. Quando identificado o greening, a retirada das árvores contaminadas deve ser feita com acompanhamento do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), órgão estadual de defesa vegetal.
A safra histórica reforça o papel estratégico da fruticultura na economia mineira e o protagonismo da agricultura familiar no cultivo da tangerina Ponkan. O avanço da produção, aliado à adoção de boas práticas fitossanitárias, assegura competitividade no mercado e contribui para o fortalecimento das cadeias produtivas ligadas à citricultura em diversas regiões do estado.
Com informações: Agência Brasil
Imagens: Emater / Divulgação
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