A Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher Negra, feita pelos Institutos DataSenado e Nexus, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, revelou que, entre as 66% de mulheres negras que não têm renda suficiente para se manter e que sofreram violência doméstica, 85% convivem com o agressor, enquanto 15% não residem com ele. Para Milene Tomoike, analista do Observatório da Mulher contra a Violência, os números evidenciam a ligação entre a vulnerabilidade econômica e a exposição continuada ao abuso.
A vulnerabilidade econômica está diretamente ligada aos abusos nos casos de violência doméstica. É o que aponta a “Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher Negra” realizada pelos Institutos DataSenado e Nexus, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência. De acordo com o levantamento, 66% das mulheres negras vítimas de violência doméstica não possuem renda ou têm renda insuficiente. Entre as mulheres negras sem renda suficiente para se manter e que sofrem violência doméstica, 85% convivem com o agressor, enquanto 15% não residem com ele. A analista do Observatório da Mulher Contra a Violência, Milene Tomoike, explicou que apesar de não ser um fator absoluto, a autonomia financeira pode reduzir significantemente as situações de abuso:
“Os dados revelam que a maioria das mulheres negras que sofreram violência doméstica continuam vivendo com os seus agressores. Esses números apontam para uma realidade de extrema vulenrabilidade onde a dependência econômica e a presença de crianças torna a cultura do ciclo de violência ainda mais desafiadora.”
Sobre a busca de apoio após situações de violência doméstica, a pesquisa mostrou que a maioria não procura ajuda, independente da escolaridade. Para Milene, o resultado revela que fatores como medo e desconhecimento podem frear a procura por medidas protetivas:
“Entre as mulheres com maior escolaridade, como aquelas com ensino superior completo, 78% também não recorreram a essas medidas, sugerindo que essa barreira transcende o número educacional. Esses números evidenciam que além das vulnerabilidades econômicas, medo de represália, desconfiança das instituições e até mesmo desconhecimento sobre os direitos, limitam o acesso a esse tipo de apoio. O que reforça a necessidade de estratégias mais inclusivas para alcançar essas mulheres e oferecer o acolhimento necessário.”
O levantamento também mostrou que o número de denúncias é maior entre as menos escolarizadas: enquanto 49% das mulheres negras não alfabetizadas foram à delegacia para reportar uma agressão, o número cai para 34% entre as vítimas que possuem ensino superior completo. A pesquisa foi feita com 13.977 brasileiras negras de 16 anos ou mais.
Fonte: Agência Senado
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