Antes de ser entrevistado pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) na Casa Brasil Paralímpico, em Saint-Ouen, cidade vizinha a Paris, Joeferson Marinho recebeu um encorajador abraço do vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Yohansson Nascimento. Yohansson, campeão dos 200 metros da classe T46 (amputados de membro superior) nos Jogos de 2012 em Londres, não poupou palavras de incentivo para o jovem velocista.
Apontando para a medalha de bronze conquistada por Joeferson nos 100m classe T12 (baixa visão) no último sábado (31), Yohansson previu: “Em Los Angeles [Estados Unidos, sede dos Jogos de 2028], você vai mudar a cor dela. Pode ter certeza. Você vai ganhar daqueles caras.”
O sorriso de Joeferson brilhou com as palavras de Yohansson. Além do apoio do ex-velocista, Joeferson é treinado por Pedro Almeida, conhecido como Pedrinho, o mesmo técnico de Petrúcio Ferreira, tricampeão paralímpico e recordista mundial dos 100m na classe T47 (amputados de membro superior). A confiança depositada em Joeferson por Pedrinho é um fator crucial em sua preparação.
“Ele já foi atleta, teve essa sensação de receber uma medalha, de ser um campeão. Para mim, é uma honra. Dá mais motivação para continuar, focar. A partir do momento que o escutei, isso me trouxe uma alegria para trabalhar bastante, chegar em Los Angeles e trazer uma medalha que represente tudo isso que ele falou para mim”, disse Joeferson, que nasceu com albinismo.
O velocista também destacou a importância do apoio de Pedrinho: “Ele [Pedrinho] olhou para mim e falou que tinha talento. Se um cara desse tem a visão de dizer que você é bom só de olhar para você, imagina no estudo, no dia a dia. Hoje, confio cada dia mais no trabalho dele. Então, se ele falar uma coisa, eu vou lá.”
Joeferson começou sua jornada esportiva com o sonho de ser jogador de futebol, apesar da baixa visão. Aos dez anos, um professor de Educação Física o incentivou a correr. O garoto, inicialmente dividido entre o futebol e o atletismo, optou pelo segundo esporte ao reconhecer seu potencial, confirmado em competições internacionais.
Em 2017, Joeferson conquistou a prata no Mundial de Jovens de Notwill, na Suíça, e, dois anos depois, também no Mundial Adulto em Dubai, nos Emirados Árabes. Sua estreia paralímpica ocorreu em Tóquio 2021, onde terminou em quarto lugar. A frustração pela posição quase no pódio há três anos foi substituída pela alegria na capital francesa.
“Sensação muito boa de vir aqui representar o Brasil e conquistar medalha. Minha prova era muito difícil, vim com isso na cabeça, mas sem o pensamento de que iria conseguir. Na minha cabeça, tinha a ideia de buscar a medalha, não sabia a cor. Hoje eu sou o terceiro melhor atleta do mundo da minha classe e estou bastante feliz por isso”, concluiu Joeferson.
Fonte e foto: Agência Brasil