A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou uma queda de 0,3% em setembro, conforme divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Essa redução foi impulsionada por uma piora na avaliação da perspectiva profissional, que caiu 0,4%, e no acesso ao crédito, com uma retração de 1,3%.
As famílias de maior renda e o público masculino foram os mais impactados pela queda. Ambas as categorias relataram percepções negativas sobre o mercado de trabalho e o futuro do consumo. Apesar da diminuição, o ICF permanece em 103,1 pontos, um nível acima da satisfação e o maior desde março deste ano, quando alcançou 104,1 pontos.
Embora tenha havido um aumento de 0,4% na avaliação do emprego atual, indicando alguma melhora, a desaceleração na criação de empregos e a incerteza econômica resultaram em uma diminuição de 0,4% nas expectativas futuras. José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, comentou sobre a cautela contínua das famílias em relação ao futuro.
O mercado de crédito também enfrentou dificuldades, influenciado pela pressão inflacionária e incertezas fiscais, resultando em uma retração de 1,3% na satisfação com o acesso ao crédito. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) revelou um aumento no número de famílias incapazes de pagar suas dívidas, refletindo negativamente na avaliação do momento para a compra de bens duráveis, que caiu 1%.
As famílias com renda acima de 10 salários-mínimos apresentaram uma queda de 0,8% na intenção de consumo, enquanto as de menor renda tiveram uma redução de apenas 0,2%. O recuo na perspectiva de consumo foi ainda mais intenso entre as famílias de maior renda (2,5%) em comparação às de menor renda (0,6%).
Notavelmente, as mulheres mostraram uma intenção de consumo superior, com um avanço de 1,6% em relação ao ano anterior, enquanto os homens registraram uma queda de 0,3%. Isso se refletiu também na satisfação com o emprego atual, com as mulheres registrando um crescimento de 3,3%, em contraste com um modesto 0,3% para os homens.
O cenário atual sugere que, apesar de um otimismo moderado em relação ao emprego atual, as famílias continuam cautelosas sobre o futuro. Especialmente as de maior renda, que enfrentam maior seletividade no crédito e uma confiança empresarial em declínio. As mulheres, por outro lado, parecem estar em uma posição ligeiramente mais favorável, refletindo um ambiente de trabalho e crédito mais benéfico para elas.
Fonte: Agência Brasil
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil