Entre os dias 18 e 20 de outubro, o III Festival Gastronômico Sabores de Aiuruoca agitou o Sul de Minas com uma programação rica e diversificada. Idealizado pelos irmãos Luis Felipe Soares, produtor cultural, e Maira Helena, gastróloga, o evento já se consolida como uma referência na região, resgatando o legado familiar da renomada cozinheira Tia Iraci, que tem mais de 25 anos de história na culinária local.
O projeto, criado em 2018, visa valorizar a culinária mineira, promovendo um espaço de convivência onde os saberes ancestrais da região são celebrados e compartilhados. Desde sua primeira edição, o festival tem expandido sua influência, destacando o Sul de Minas Gerais como um importante polo cultural e gastronômico nacional.
Nos dois meses que antecederam o festival, foram produzidos documentários que exploram as histórias e tradições dos mestres e mestras do “saber e sabor” campeiro. A pesquisa mergulhou profundamente na gastronomia mineira e brasileira, abrangendo tanto cozinheiros profissionais quanto entusiastas com raízes na cozinha tradicional e contemporânea.
A programação do festival incluiu uma variedade de atividades que reuniram diferentes gerações e promoveram conexões entre visitantes e moradores locais. Oficinas, palestras, degustações e a já tradicional cozinha show — onde chefs preparam receitas ao vivo — marcaram os três dias de evento. Além da gastronomia, o festival também abraçou arte, cultura e comportamento, criando um ambiente acolhedor para trocas criativas.
Neste ano, o destaque foi para a ancestralidade local, com pratos como o Mangará (coração da bananeira), preparado por Marcilene da Silva, que aprendeu a receita com sua avó; a Leitoa à Pururuca, feita no forno à lenha por Juliano e Martinha; e o Sabão de Cinzas, uma tradição preservada por Maria Biana, de 94 anos. O Mestre da Rapadura, Otacílio José da Silva, e a Associação dos Quatro Óleos também contribuíram com uma palestra sobre o uso sustentável da araucária.
A cozinha show deste ano trouxe atrações como o chef Matheus Assunção, de Varginha, que apresentou o tema Cafés Especiais, e a degustação de Risoto de Costela com chips de Mandioca, preparada pelo Chef Anginho, de Liberdade. As crianças participaram de atividades lúdicas com tinta de terra, conduzidas pela artista Kenya Garbossa, e aprenderam a fazer pão de queijo com Maira Helena, que também preparou o tradicional Pastel de Angu no palco principal.
Outros destaques incluíram o Queijo Alagoa e uma palestra sobre empreendedorismo, acompanhada de degustação. Igor Lamas apresentou uma palestra sobre probióticos e fermentados, compartilhando uma receita criativa de creme de pinhão, enquanto a chef internacional Juliana Thorpe ensinou a fazer pão com Levan.
A comunicação foi integrada por meio de oficinas de Comunicação Não Violenta, conduzidas por Amanda Nogueira, de Caxambu, e uma apresentação científica sobre alimentos ultraprocessados pela jornalista e especialista em saúde pública Hara Flaeschen. O festival também priorizou inclusão e acessibilidade, garantindo a participação plena de pessoas da comunidade surda, com tradução simultânea em língua de sinais. As atrações musicais foram igualmente diversificadas.
A Folia de Reis da Pedra abriu o festival, seguida por artistas como Gita Delavy, Beto Roçaman, Natalia Pery, Giliane e Gusmão (Os Andarilheiros), o Trio Forró Raizeira e o DJ Matuto, que trouxe ritmos tradicionais como coco, carimbó, samba e baião, embalando o público com a essência das raízes brasileiras.
Além da programação gastronômica e musical, a terceira edição do Sabores de Aiuruoca lançou o livro “A Raiz que nos fez Nação”, de Evelym Landim, que explora as variedades da mandioca no Brasil, gerando um rico bate-papo com os produtores locais. Outra novidade foi a cerveja artesanal criada especialmente para o festival pelo mestre cervejeiro André Navarrete.
Nesta edição, o evento contou com a mentoria do artista e empreendedor Léo de Paula, que conduziu as interações com o público e convidados. Léo de Paula é especialista em Diversidade, Equidade e Inclusão pela USP e em Inovação pela UFSCar, e sua orientação foi fundamental para a dinâmica do evento, promovendo um ambiente de trocas ricas e inclusivas.
Financiado pela Lei de Incentivo à Cultura Paulo Gustavo, da Secretaria de Turismo e Cultura do Estado de Minas Gerais, o festival Sabores de Aiuruoca reafirma seu compromisso com a cultura inclusiva, valorizando tanto o presente quanto as tradições que formam a identidade local.
“Sabores de Aiuruoca é a materialização de um sonho. Trabalhamos muito para promover cultura e inclusão em nossa terra, sem fronteiras ideológicas. Nosso objetivo é não apenas valorizar a culinária regional, mas também fortalecer os laços comunitários e inspirar as futuras gerações, sempre honrando nossos ancestrais”, enfatiza Luis Felipe Soares.
Fonte: Luis Felipe Soares / Sabores de Aiuruoca
Foto: Divulgação / Sabores de Aiuruoca