Nesta terça-feira, 18 de março de 2025, o governo brasileiro, por meio do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, declarou Vladimir Herzog anistiado político post mortem, 50 anos após sua morte durante a ditadura militar. A decisão, formalizada no Diário Oficial da União, também incluiu a reparação econômica mensal vitalícia para sua viúva, Clarice Herzog.
Vladimir Herzog, jornalista e diretor de jornalismo da TV Cultura, foi convocado pelo Exército em 1975 para prestar depoimento sobre supostas ligações com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), que se opunha ao regime militar, embora nunca tenha defendido a luta armada. No dia 24 de outubro de 1975, Herzog compareceu ao DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna), em São Paulo, e foi cruelmente assassinado sob tortura. A versão oficial divulgada pelos militares, que alegava que ele havia cometido suicídio, nunca foi aceita pela sociedade.
A morte de Herzog marcou um dos momentos mais emblemáticos da repressão política no Brasil e transformou o jornalista em um símbolo da luta pela democracia e pelos direitos humanos. Seu assassinato gerou uma onda de indignação e mobilização, culminando em um ato ecumênico na Catedral da Sé em São Paulo, onde mais de 8 mil pessoas participaram de uma missa de sétimo dia em sua memória, com a presença de importantes figuras religiosas, como o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, o rabino Henry Sobel e o reverendo Jaime Nelson Wright.
Herzog nasceu em 27 de junho de 1937, na cidade de Osijek, na então Iugoslávia (atualmente Croácia). Sua trajetória de vida foi marcada pela fuga do regime nazista na Europa, sua imigração para o Brasil em 1946 e sua formação em jornalismo. Sua carreira profissional iniciou em 1959 no jornal O Estado de S. Paulo, e ele se destacou no jornalismo cultural, especialmente em crítica de cinema. Herzog também teve passagens importantes por diversas emissoras de televisão e rádio, incluindo a TV Cultura, onde se destacou como diretor de jornalismo.
Além de seu trabalho no jornalismo, Herzog também se dedicou ao cinema, produzindo documentários e se tornando um defensor da liberdade de expressão e dos direitos humanos. Em 2009, foi criado o Instituto Vladimir Herzog, pela família e amigos, para preservar sua memória e seus valores de luta pela democracia e pela liberdade.
O reconhecimento de Vladimir Herzog como anistiado político póstumo é um passo importante no processo de reparação histórica das vítimas da ditadura militar e uma forma de garantir que sua memória e legado continuem vivos nas futuras gerações. O Instituto Vladimir Herzog segue como um importante agente na defesa dos direitos humanos, da liberdade de imprensa e da democracia, temas que sempre foram caros ao jornalista.
A anistia de Vladimir Herzog não apenas traz justiça para sua memória, mas também reafirma o compromisso do Brasil com a verdade, a democracia e a preservação dos direitos humanos. A luta de Herzog e de outros que perderam suas vidas ou sofreram perseguições durante a ditadura militar continua a ser um símbolo da resistência contra a opressão e da busca por um Brasil mais justo e democrático.
Por Graziela Matoso/ Com informações do Governo Federal e Instituto Vladimir Herzog
Foto: Instituto Vladimir Herzog