A França anunciou a construção de uma prisão de segurança máxima na Guiana Francesa, território ultramarino localizado na América do Sul, com previsão de inauguração em 2028. A unidade será instalada no município de Saint-Laurent-du-Maroni, nas proximidades de uma antiga colônia penal, e terá capacidade para 500 detentos, incluindo 60 vagas destinadas a traficantes de drogas e indivíduos condenados por radicalismo islâmico. O projeto, orçado em US$ 450 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões), tem como objetivo isolar permanentemente os chefes do crime organizado e combater o narcotráfico internacional, especialmente em uma região próxima ao Suriname e ao Brasil, conhecida por ser rota de transporte de cocaína.
Apesar da justificativa de segurança, o anúncio provocou forte reação entre moradores e autoridades locais. Representantes da Coletividade Territorial da Guiana Francesa afirmaram que não foram consultados sobre a mudança no objetivo do projeto, originalmente destinado apenas a aliviar a superlotação do sistema prisional local. Para líderes políticos da região, a medida representa uma imposição desrespeitosa e um risco de transformar a Guiana em depósito de criminosos vindos da França continental.
A escolha do local também carrega um peso simbólico. Saint-Laurent-du-Maroni foi sede de um famoso campo penal que funcionou entre os séculos 19 e 20 e ficou conhecido por abrigar presos políticos franceses, como retratado no livro Papillon. A associação com esse passado, somada à falta de diálogo com as autoridades regionais, tem alimentado críticas de que a decisão representa um retrocesso colonial e ignora a autonomia da Guiana Francesa.
Por Juliana Carvalho
Foto: reprodução/ Corbis/Getty Images