Criada pelo Decreto n 23.654, de 20/12/1933, com a denominação “Fábrica de Canos e Sabres para Armamento Portátil”, a atual Fábrica de Itajubá (FI) representou, à época, o mais ousado empreendimento da indústria militar de defesa para armamentos leves no País.
Sua construção, que marca oficialmente a inauguração da Fábrica, iniciou-se em 16 de Julho de 1934 e foi administrada pela comissão presidida pelo Major Fausto Neto de Albuquerque, sendo o lançamento da pedra fundamental feito pelo General Deschamps Cavalcante.
A então Fábrica de Canos e Sabres para Armamento Portátil, futura FI, foi inaugurada um ano depois, com a aquisição de maquinário da empresa alemã Frederick Loewe e iniciou suas operações, fabricando lâminas de sabres e canos de reposição para os fuzis Mauser Modelo 1908, que dotavam o Exército Brasileiro.
Em 1939, o então Presidente da República Getúlio Vargas visitou a Fábrica e impressionado com o que lhe foi apresentado e provavelmente influenciado pelo clima reinante às vésperas da eclosão da 2ª Guerra Mundial destacou: “Esta Fábrica é um exemplo e uma lição. Só aqueles que creem sabem agir”.
Em retribuição à acolhida que recebeu na visita realizada anos antes e reconhecendo a importância daquele estabelecimento fabril, o Presidente convidou uma representação de servidores da Fábrica para participar das comemorações cívicas do dia 1º de maio de 1941, no estádio Clube de Regatas Vasco da Gama, na cidade do Rio de Janeiro – RJ.
Levando em consideração a incipiência tecnológica existente no estágio de desenvolvimento industrial do país na década de 30 do século passado, a criação de uma fábrica de armas, em 1933 simbolizou um salto industrial sem precedentes, superando as enormes dificuldades estruturais do Brasil de então.
Significado e simbolismo da evolução tecnológica do portfólio da Fábrica
Alguns armamentos que a Fábrica de Canos e Sabres para Armamento Portátil/FI fabricou até aqui simbolizam o amadurecimento da indústria de armas leves no Brasil e representam, nas diversas épocas em que foram produzidos, o que havia de melhor em todo o mundo.
Inicialmente, em 1940, o fuzil Mauser, notável projeto alemão, considerado o melhor fuzil de precisão até hoje fabricado e que deu origem, em 1941, ao Mosquetão Mauser modelo 1908, calibre 7mm, o primeiro mosquetão fabricado no Brasil.
Um ícone da indústria de armamentos leves passou a ser produzido por aquela Fábrica: a pistola .45 M911 A1, derivada do projeto de maior sucesso em toda história do armamento de porte, criado pela Colt, nos Estados Unidos da América.
Outro importante marco nessa trajetória aconteceu em 1964, quando o Brasil decidiu produzir o FAL (Fuzil Automático Leve), calibre 7,62mm, o fuzil automático de maior aceitação no mundo, empregado por cerca de 90 (noventa) países. O FAL, projeto com mais de 50 (cinquenta) anos, é ainda adotado pelo Exército Brasileiro.
Nos dias atuais merece destaque o Fz 5,56 IA2 concebido, desenvolvido e produzido pela IMBEL, um produto genuinamente nacional adotado e homologado pelo Exército Brasileiro, que atende integralmente aos requisitos operacionais conjuntos (ROC) estabelecidos pelo Ministério da Defesa e os requisitos operacionais básicos (ROB) definidos pelo EB.
REPI – uma história que se confunde com a da FI
Desde 2014, a pequena central hidrelétrica (PCH) denominada Rede Elétrica Piquete – Itajubá (REPI) localizada em Wenceslau Braz – MG, passou a estar vinculada à Fábrica de Itajubá, por meio da sua Divisão de Geração de Energia.
A localidade de Wenceslau Braz originou-se da pequena central hidrelétrica (PCH) concebida para atender à demanda energética das fábricas Presidente Vargas (FPV) localizada em Piquete – SP e de Itajubá (FI). Em setembro de 1922 chegou à região uma comissão para estudar o melhor local de quedas d´água para construí-la.
Depois de visitar vários locais, a comissão optou pela cachoeira dos Negros, pertencente em sociedade aos senhores Joaquim Francisco da Costa, Manoel Rodrigues e negros descendentes de escravos.
Através de desapropriações feitas pela Comissão do Ministério do Exército, iniciou-se a construção da barragem, casa de máquinas, casas para os funcionários, estações transformadoras e tudo o que fosse necessário para a implantação da usina.
No dia 08 de dezembro de 1932, foi inaugurada, oficialmente, a Usina Hidrelétrica de Bicas do Meio, sendo o seu primeiro diretor, o Major Sílvio Lisboa da Cunha.
Em 1934, o Presidente da República, Dr. Getúlio Vargas visitou a localidade de Wenceslau Braz, que na época se chamava Bicas do Meio. No dia 05 de fevereiro de 1941, a Usina recebeu a denominação de REPI- Rede Elétrica Piquete Itajubá, pois fornecia energia elétrica para as Fábricas de Piquete – SP e de Itajubá – MG.
Hoje, a IMBEL está inserida no mercado cativo para o mercado livre de energia elétrica, com expressiva participação da REPI na modelagem de negócio concebido, que juntamente com a carga das demais Unidades de Produção possibilitará maximizar os recursos de geração para as cargas de energia demandadas.
A FI na atualidade
Buscando a modernização tecnológica do seu parque industrial, um dos pilares do Plano de Sustentabilidade da IMBEL, a FI vem conduzindo um processo de alienação de máquinas e equipamentos obsoletos e inservíveis, transformando um cenário de máquinas e processos descontinuados, num ambiente mais moderno e funcional.
Por meio da substituição progressiva dos antigos equipamentos por máquinas informatizadas CNC, que acompanham a evolução industrial (Indústria 4.0), além do aperfeiçoamento dos processos produtivos, será possível incrementar a velocidade de produção, em atendimento ao objetivo estratégico da Empresa e ao fortalecimento da infraestrutura industrial de Defesa.
Como sempre fez ao longo de sua bela e rica história, a FI continua a contribuir fortemente para a Soberania e a Segurança externa e interna do Brasil, entregando às Forças Armadas e aos Órgãos de Segurança Pública itens e equipamentos de primeira necessidade, com reposição de peças de forma tempestiva e assistência técnica assegurada.
Esses são os diferenciais que caracterizam a FI, uma fábrica metal – mecânica quase centenária, que se moderniza, prima pela qualidade dos seus produtos e pelo cumprimento de prazos contratuais, e se orgulha do relevante papel que sempre cumpriu no contexto da base industrial de defesa nacional.
Fonte e fotos: IMBEL