Na segunda-feira, 9 de junho, Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), negou as acusações de uso ilegal do órgão para monitorar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante o governo de Jair Bolsonaro. A declaração foi dada durante seu interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), onde o ministro Alexandre de Moraes o questionou sobre sua possível participação na trama golpista que envolveu a tentativa de reverter os resultados das eleições de 2022.
Ramagem, que atualmente é deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro, é um dos réus na ação penal relacionada à tentativa de golpe. Ele foi acusado de utilizar a estrutura da Abin para monitorar ilegalmente adversários do ex-presidente Bolsonaro. No entanto, em sua defesa, Ramagem afirmou categoricamente que nunca autorizou ou utilizou a Abin para espionagem de qualquer autoridade, destacando que a agência não possuía gerência sobre sistemas de monitoramento. “Nunca utilizei monitoramento algum pela Abin de qualquer autoridade. Ao contrário do que foi colocado em comunicação, nós não tínhamos a gerência de sistemas de monitoramento”, declarou o ex-diretor.
Além disso, Ramagem refutou as alegações de que teria utilizado o programa de espionagem Firstmile para realizar vigilância clandestina, afirmando que o sistema havia sido desativado pela Abin em 2021, um ano antes das acusações feitas pela Polícia Federal. “É mais uma indução a erro do juízo pela Polícia Federal. Mesmo assim, eles [investigadores] colocaram no relatório da PF. Com certeza, para empurrar o Ramagem para essa questão de golpe indevidamente”, afirmou.
O ex-diretor também se defendeu de uma outra acusação, de que teria enviado arquivos com textos preparados para embasar as lives de Bolsonaro, nas quais eram insinuadas fraudes nas urnas eletrônicas. Ramagem explicou que os textos eram privados e que seu objetivo era simplesmente organizar ideias para possíveis debates, e não para incitar desinformação. “Eu escrevia textos privados que me concatenavam alguma ideia para, se possível, em algum momento, ter algum debate”, afirmou.
O interrogatório de Ramagem ocorre dentro de uma série de depoimentos que estão sendo realizados no STF. O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, já havia confirmado que o ex-presidente estava ciente de uma minuta de golpe que buscava anular o resultado das eleições de 2022, e o interrogatório de Ramagem seguiu no mesmo sentido, reforçando o contexto da tentativa de golpe. Até sexta-feira, 13 de outubro, o ministro Alexandre de Moraes ouvirá o ex-presidente Bolsonaro, o general Braga Netto e outros seis réus acusados de integrar o núcleo principal da trama golpista.
A sequência de depoimentos, que inclui figuras chave do governo Bolsonaro, tem gerado grande atenção, e a expectativa é de que o julgamento se aprofunde nas investigações sobre as tentativas de subverter o resultado das últimas eleições.
Por Eduardo Souza
Com informações: Agência Brasil
Foto: Carlos Moura/SCO/STF
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