As instituições brasileiras que lutam contra a lavagem de dinheiro se reuniram no XVI Encontro de Gestores da Rede Nacional de Laboratórios de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro (Rede-Lab), que teve início no dia 18 de setembro e se estende até sexta-feira, 20 de setembro, no auditório da Unidade de Combate ao Crime à Corrupção (UCC) do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). O evento celebra a década de existência da Rede-Lab e visa aprofundar a colaboração entre os diversos órgãos envolvidos na prevenção e combate ao crime organizado.
A Rede-Lab, composta por 64 Laboratórios de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro (LAB-LD), atua na análise de grandes volumes de dados relacionados a movimentações financeiras suspeitas. Essas unidades, criadas a partir da Estratégia Nacional de Combate ao Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro (Enccla) em 2006, são fundamentais para o tratamento tecnológico das informações, garantindo uma investigação mais eficaz e especializada.
Na mesa de abertura, William Garcia Coelho, coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça, enfatizou a necessidade de um esforço conjunto no combate às organizações criminosas. Ele mencionou o caso do promotor de Justiça Francisco José Lins do Rego, assassinado em 2002, destacando os riscos envolvidos na luta contra o crime organizado. Garcia Coelho sugeriu que as instituições se orientem por três pilares: colaboração interinstitucional, interdisciplinaridade e envolvimento do setor privado.
Rodrigo Sagastumi, diretor do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), reforçou a importância dos LAB-LD na especialização técnica necessária para a análise de dados, um fator crucial para a eficácia das investigações.
Danilo Orlando Pugliesi, membro do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), sublinhou a relevância crescente dos laboratórios na luta contra organizações criminosas, afirmando que é impossível combater essas entidades sem abordar a lavagem de dinheiro. Ricardo Liáo, presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), também destacou a contribuição de seu órgão na elaboração de relatórios que ajudam a identificar indícios de lavagem.
Jean Uema, secretário nacional de Justiça, abordou a complexidade da mobilidade internacional, contrastando a dificuldade de movimentação de refugiados com a fluidez do capital financeiro. Essa discussão ressalta a necessidade de estratégias mais eficazes para lidar com diferentes tipos de mobilidade em um mundo em constante transformação.
O evento incluiu apresentações sobre boas práticas na produção de relatórios, debates sobre procedimentos operacionais para o acionamento dos LAB-LD e as dificuldades nas análises de dados bancários. A programação se encerra com mesas temáticas focadas em Banco de Dados e Recuperação de Ativos.
Durante a abertura, diversas personalidades e instituições receberam placas de homenagem em reconhecimento ao seu trabalho no fortalecimento da Rede-Lab e na luta contra a lavagem de dinheiro.